O lado B da internet

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Aquele pensamento inquestionável de que a internet e as mídias digitais, por si só, são ferramentas democratizantes está cada vez mais caduco.

Durante o Seminário sobre Liberdade de Expressão e Democracia promovido pela Revista Imprensa, em maio, em São Paulo, comentei que quem pesquisa ou acompanha essa área precisa ter em mente que essas ferramentas são neutras. Tanto podem ser usadas para restringir como para incentivar a liberdade de expressão.

Citei o caso recente da Moldávia, onde forças locais de segurança foram acusadas de criar falsos perfis no Twitter com informações inverídicas para gerar um ambiente de instabilidade e desinformação não somente interno como internacional.

Neste final de semana, no caderno Aliás, do Estadão, saiu um artigo interessante, traduzido do Washington Post, que toca um pouco nesse assunto, do lado B da internet, sobre o quanto regimes autoritários começam a aprender a usar essas mídias em seu favor.

Hoje soube da existência do site Gerdab, onde autoridades iranianas ou simpatizantes do governo de Mahmoud Ahmadinejad postam fotos dos recentes protestos nas ruas do Irã. O site pede que os usuários ajudem a identificar as pessoas que estão nas fotos para depois facilitar a sua entrega às autoridades de repressão. É o crowdsourcing a favor do governo nada democrático de Ahmadinejad.

Crédito da foto: Conson

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10 respostas para “O lado B da internet”.

  1. Concordo. As ferramentas são neutras, então não são os messias digitais inanimados da democracia, ou coisa assim. E é justamente por ter essa característica de coisa acessível, sem falar do anonimato, o que torna possível que seja usada para repressão — sutil e silenciosa.

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  2. Isto e ditatura pura e crua viva o Brasil,onde falamos e escremos o que bem e vier
    na cabeça. E não da em nada.

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  3. Há democracia nos Estados Unidos, onde quem tem mais votos muitas vezes perde, e onde a mídia destaca dois candidatos entre mais de dez, e onde os dois maiores partidos são na prática um só? Há democracia no Brasil, onde os grupos de interêsse mandam no Congresso, como a a bancada ruralista, dos banqueiros, da mídia, da Fiesp, etc, dão as cartas? No nosso país, a quase totalidade da imprensa forma um partido político de direita. Porque temos que impor nossa “democracia” e nossa corrupção a outros povos? Será que só são democratas os alinhados aos Estados Unidos?

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  4. A Internet é um meio neutro, aceita tudo. Bem como a imprensa escrita, a imprensa falada e televisiva são meios neutros.
    O que me espanta é que os operadores da imprensa tradicional, que manipulam a informação por interesses, e não fazem sequer questão de esconder que não são neutros, se preocupem com a Internet.

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  5. É uma faca de dois gumes. Assim como ela é uma ferramente de liberdade de expressão levando idéias, notícias, debates e relacionamentos, isso tbém pode ser usado para coisas horríveis. Me fez lembrar os sites que estimulam a anorexia como uma coisa linda. É uma pena pois acho a internet de grande potencial, uma mídia realmente muito além do seu tempo. Hoje em dia prefiro a internet a TV.

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  6. Democracia é uma doce ilusão. O poder corrompe e blá blá blá. É uma monarquia, no sentido de que há uma hereditariedade. Ninguém muito novo sobe e, se sobe, suas ideias são tão reacionárias quanto seu cargo.

    A Internet — bem como as outras mídias — é usada de acordo com o interesse de quem tem acesso. A TV não veicula mensagens apartidárias e neutras, pois isto é impossível. Mais que isso: deliberadamente veicula-se mensagens cujo conteúdo leva para este ou aquele caminho.

    Nós fazemos o mesmo quando utilizamos as mídias onde exercemos papel criador. A diferença é se você tiver um canal de TV será muito mais influente que ter um blog, em termos gerais.

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  7. O labo B da internet fica por conta dos Corporações Monopolistas. Recentemente a Microsoft bloqueou o MSN dos internautas dos chamados “eixo do mal”, como a Coréia do Norte. Na China, essas mesmas corporações colaboram com a burocracia comunista na censura.

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  8. o fato do meio ser usado como instrumento de desinformação ou até mesmo repressivo não invalida seus pontos positivos

    o caráter democrático da rede independe da “qualidade” da informação disseminada. Assim como um papel em branco a rede aceita qualquer coisa

    o verdadeiro diferencial esta na multiplicidade da informação.

    governos, autoritários ou não, grandes corporações e etc sempre tiveram acesso fácil aos instrumentos de formação de opinião. é obvio q estarão presentes tb na web. a diferença é q não serão os únicos!

    não é mais preciso ser dono de Tv ou nem mesmo jornalista pra eventualmente desempenhar um papel importante

    a multiplicidade em si tb produz um certo efeito interessante: é necessário aprender a escolher a informação

    o Twitter é um bom exemplo disso, ainda sob a alcunha equivocada de “site de relacionamentos”, acredito na verdade q estamos vendo a criação de uma nova forma de absorção de informação

    entendo a idéia de q o meio é neutro, mas não consigo deixar de ver tb certos fatores q indicam sim um certo potencial democratizante inerente, se comparado aos meios anteriores

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  9. […] Aquele pensamento inquestionável de que a internet e as mídias digitais, por si só, são ferramentas democratizantes está cada vez mais caduco. Quem pesquisa ou acompanha essa área precisa ter em mente que essas ferramentas são neutras. […]

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