Eu já me interessava pelo aplicativo WhatsApp, mas depois que iniciei meus estudos em Boston, o meu interesse aumentou mais. Tornei-me um usuário assíduo do aplicativo multiplataforma de mensagens.
Há um tempo ele substituiu o meu Facebook.
Não estou sozinho nessa. Colegas meus de Boston também utilizam assiduamente o WhatsApp. O Facebook ficou em segundo ou até terceiro plano.
É lógico que isso não aconteceu do dia para a noite e nem se aplica a todos os usuários da plataforma de rede social. Mas para quem utilizava o Facebook mais como um utilitário de comunicação (conversar e estar em contato com os amigos) do que uma plataforma de mídia (publicar e consumir conteúdo), o WhatsApp tem se saído como uma boa alternativa.
Outro dia nasceu o primeiro filho de um amigo meu. Onde a foto do bebê foi parar? No Whatsapp. Marcar para ir a um pub? Ou comentar sobre algum jogo que está passando na televisão? WhatsApp.
Não é à toa que o Facebook andou recentemente interessado em comprar o WhatsApp e chegou a lançar um aplicativo que emula o mesmo. O WhatsApp realiza uma das principais funções das plataformas de redes sociais do ponto de vista de utilitário de comunicação – unir comunicações em grupo.
No Brasil, o aplicativo tem um apelo a mais, pois reduz a zero o custo com o envio de SMS. Nos EUA, SMS é barato e abundante. A maioria das operadoras de telefonia fornece planos com SMS ilimitado. A questão da conveniência que o WhatsApp proporciona tem mais peso nos EUA – o aplicativo trabalha com vários formatos de mídia (fotos, vídeos, sons) e plataformas (iOS, BB, Android, Windows Phone), além de permitir a criação de grupos de conversa com até 30 usuários.
Se a gente parar para pensar, veremos que o WhatsApp está criando uma nova forma de rede social, com base em mobile e mensagens instantâneas, mas, ao mesmo tempo, está realizando um retorno às origens das chamadas mídias sociais.
O serviço de comunicação trabalha ancorado em um dos meios mais sociais – o telefone. Ao instalar o aplicativo, ele se conecta ao seu catálogo de contatos. Ou seja, tudo gira em torno do seu número de telefone e de seu catálogo de contatos, que, cá entre nós, é uma rede social (não no formato tradicional, mas com a mesma função – agregar e permitir comunicação com contatos importantes).
Para entender melhor o que estou falando, vale dar uma olhada em America Calling: A Social History of the Telephone to 1940. No livro, o pesquisador Claude S. Fisher mostra que a rede de telefones é, na realidade, a “maior plataforma de rede social do mundo”, pois conecta pessoas de forma eficiente e indiscriminada. Tem um telefone? Você já está em rede e conectado a pessoas do mundo inteiro.
O telefone, portanto, seria a “primeira mídia social“.
Quanto ao Facebook, não é de hoje essa desaceleração da plataforma de rede social. Em sua terra natal, o Facebook há um bom tempo perdeu o seu caráter de “novidade” e agora vem perdendo o de “ser essencial” (você pode ficar dias sem acessar o Facebook que não faz muita diferença).
Uma das últimas discussões sobre mídia em Boston envolveu os executivos dos principais restaurantes da cidade. Uma das principais conclusões é que o Facebook perdeu atratividade. É tanta mensagem e propaganda travestida de conteúdo dentro da rede social que fica difícil você ser ouvido ou visto na linha do tempo de um usuário. Tem muito palco e pouca plateia.
É interessante o aparecimento de alternativas e a desaceleração do Facebook, que até outro dia queria ser o “centro da internet”. Parece que há um revezamento. Ou melhor, parece que toda vez que tentam colonizar integralmente a nossa experiência digital, sempre surgem alternativas.

Deixe uma resposta para Nadja Pereira Cancelar resposta