Twitter é o eletrocardiograma da TV, escreve Mike Proulx, em seu recém-lançado e badalado livro “Social TV”.
Parece que a frase do pesquisador americano não atingiu os corações dos produtores do Grammy, exibido neste final de semana, inclusive para o Brasil.
Uma vez mais, o evento foi transmitido com 3 horas de atraso para parte dos EUA.
Comum, esse tipo de demora é chamada de west coast delay – devido ao fuso horário, programas transmitidos para todo o território americano têm 3 horas de diferença em relação à costa oeste. O atraso já virou até tema de um capítulo do seriado Studio 60.
Há 15 anos, esse atraso passava despercebido nem causava muito incômodo para os telespectadores da costa oeste, mas, hoje em dia, com o conceito de segunda tela, o papo é outro.
Para grande parte dos EUA, o Twitter virou a caixa de comentários da TV. Para os telespectadores da costa oeste, o Twitter acaba sendo uma caixa de spoiler. Basta entrar na internet para ler todos os tweets do resto dos EUA sobre o programa que ainda vai demorar 3 horas para começar.
Imagine essa situação durante a transmissão do Grammy ou de um jogo? Saber todos os vencedores, perdedores e micos antes do programa ir ao ar?
O problema do atraso não é somente a questão do spoiler, mas também o fato de que os telespectadores da costa oeste ficam de fora das conversas nas plataformas de redes sociais.
Para quem trabalha com aplicativos de segunda tela, gera o desafio de ter que atrasar alguns conteúdos. Caso contrário, a sincronia entre tablets e TV vai para o chinelo.
A demora na transmissão também vai contra um dos hábitos que os telespectadores americanos mais têm intensificado – assistir TV ao vivo. Justamente para não perder o burburinho no Twitter, as pessoas estão preferindo assistir programas ao vivo do que gravá-los em DVR.
O west coast delay mostra um dilema com o qual a TV em diversos países têm que conviver – o conteúdo não pode mais ser limitado a zonas de horário. TV ao vivo no mesmo horário para todos.
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