Quarenta milhões de pessoas criaram um perfil no Google+, plataforma de rede social da Google com 4 meses de vida. O número foi divulgado por Larry Page, CEO da Google, durante a apresentação do balanço financeiro do terceiro trimestre da empresa.
Nesta semana, junto com a divulgação dos números, engenheiros da Google deram para falar até os cotovelos em redes sociais e publicações.
Primeiro, Steve Yegge que deixou vazar uma mensagem voltada aos colegas de empresa, na qual fazia críticas à demora do Google+ em lançar APIs públicas. Yegge chamou de “patético” o projeto da própria empresa da qual faz parte.
Depois, Bradley Horowitz, vice-presidente de produtos do Google+, que, em entrevista ao Wall Street Journal, admitiu que a Google está numa corrida com o Facebook. Uma competição por funcionalidades.
Nesta corrida, a qual chamei de jogo de xadrez, a Google deu um passo importante. Adicionou ao Google+ um sistema de busca em tempo real. Funcionalidade na qual o Google se destaca há tempos, enquanto que o Facebook e o Twitter ainda são deficitários em termos de tecnologia. O DNA da Google está na busca.
É de se questionar quantos usuários realmente usam a busca interna nas plataformas de redes sociais, mas não dá para negar que a funcionalidade imprime mais relevância e uma noção de temporalidade a uma plataforma.
Uma integração com o Orkut, para migrar fotos, e outra com o YouTube, para compartilhar conteúdo e conversar com outras pessoas que estejam assistindo a um mesmo vídeo, também foram disponibilizadas ao público.
Contudo, a afirmação mais interessante de Horowitz é a que ratifica algo que era apontado por pesquisas. O Google+ estaria pegando uma pequena fatia de mercado que não é muito bem atendida pelo Facebook e Twitter – a de pessoas que não querem fazer broadcast, mas sim compartilhar e conversar de forma privada com as suas redes pessoais (o Facebook lançou recentes funcionalidades que permitem o compartilhamento privado, porém, o incentivo é outro).
Para gerar mais tráfego e tempo de uso, e assim rechear os seus relatórios de audiência, as atuais plataformas de redes sociais incentivam as pessoas, além de correr atrás de seguidores, a compartilhar tudo de forma pública, a fazer broadcast, quase que compulsivamente.
No entanto, existe uma parte do público que, por motivos de privacidade ou relevância, não se interessa por compartilhar tudo publicamente e menos ainda liga para o número de seguidores.
Já comentei que esse negócio de seguidores interessa mais para uma parte dos usuários de redes sociais, porém bastante barulhenta e que acaba falando pelo todo – celebridades, empresas e “candidatos a microcelebridades da internet”.
Ainda é muito cedo para bater o martelo, mas, se a intenção da Google era atender o público interessado em conversar de forma privada com as suas redes pessoais, parece que a estratégia está dando certo. Dois terços das mensagens no Google+ são privadas. A tendência é subir, segundo Horowitz.
Pelo histórico da empresa, é meio difícil imaginar que a Google tenha entrado no negócio de plataformas de redes sociais apenas para pegar uma pequena fatia do mercado. Historicamente, a Google entra num mercado para ganhar o bolo todo.
Apesar disso, Horowitz diz que, no estágio atual, o Google+ não tem a intenção de atingir um grande público. Na realidade, na medida em que os dados gerados no Google+ são usados em outros produtos da Google, quem usa o Google+ quer, na verdade, ter uma experiência melhor com o sistema de pesquisa da empresa.
Ou seja, na Google tudo termina em busca.
Veja também: Estão confiando no taco do Google+


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