Apesar de ser um dos assuntos do momento na web, curadoria de conteúdo não precisa ser vista como algo complicado. Para mim, isso ficou bem claro ao acompanhar a palestra do pesquisador americano Steven Rosenbaum, no Digital Age 2.0, que acontece em São Paulo.
Tanto que o pesquisador, autor de Curation Nation, chegou a falar que, para as novas gerações, não existe diferença entre a atividade de fazer curadoria e a de produzir conteúdo próprio. Na verdade, elas andam juntas. Uma coisa não exclui a outra.
Fica mais evidente o quanto o tema não precisa ser tratado como alguma coisa fora do comum, se juntarmos essa visão de Rosenbaum à frase do colunista de mídia Tom Foremski – mesmo sem perceber – todos nós somos curadores de conteúdo. No dia a dia, ao atualizarmos microblogs ou simplesmente ao fazermos uma playlist, estamos fazendo curadoria para uma determinada audiência.
Talvez a grande novidade a respeito do assunto seja essa – a curadoria de conteúdo deixou de ser uma habilidade apenas dos grandes “publishers” para, teoricamente, poder ser feita por qualquer pessoa.
Segundo Rosenbaum, ser apaixonado por um assunto é a premissa básica para ser um bom curador, além de estar atento a 3 questões:
1) A partir do momento que compartilhamos algo, estamos endossando-o. Devemos prestar atenção ao que retuítamos ou compartilhamos na web.
2) Na web, é mais poderoso saber ouvir do que falar.
3) Num mundo repleto de informações, as pessoas estão famintas por clareza, concisão e contexto.
Rosenbaum bateu no assunto de que a sabedoria das multidões será substituída pela curadoria. Os algoritmos darão espaço para especialistas. Premissa defendida já há 3 anos por Bill Tencer, autor do livro Click.
Ou seja, percebe-se que, cada vez mais, pesquisadores ligados à web questionam o “overload informativo” e a dificuldade dos atuais algoritmos em lidar com ele. Cada pesquisador tem uma solução para o fenônemo.
Para o americano Eli Pariser, autor de Filter Bubble, por exemplo, as causas da abundância de conteúdo vêm de muito antes da internet. São resultados de uma fase do capitalismo em que ocorreu uma fragmentação dos mercados. Uma solução não-tecnológica é a mais recomendada.
Segundo Pariser, do mesmo modo que, a fim de acabar com o sobrepeso, devemos mudar os nossos hábitos alimentares, para lidar com o atual “overload informativo”, precisamos mudar o modo como consumimos mídia. Devemos consumi-la de forma menos compulsível.
Rosenbaum, por sua vez, acredita que a própria democratização dos meios causou o “overload” e que a curadoria é a solução.
O game Evoke será lançado em meados do ano que vem no Brasil, afirmou, via videoconferência, a pesquisadora de games Jane McGonigal, autora de Reality Broken, livro comentado aqui, no blog, no post Games: a arma secreta da humanidade.
Evoke baseia-se no pressuposto básico dos estudos de McGonigal, uso da mecânica dos games eletrônicos para solucionar problemas da vida real. O game foi encomendado pelo Banco Mundial e tem o objetivo de incentivar o empreendedorismo social na África.
Basicamente, a palestra de McGonigal girou em torno de seu último livro. A pesquisadora lembrou duas partes do livro:
1) O quanto poderosos são os “foresight games”, jogos que nos ajudam a prever problemas futuros. Exemplo – World Without Oil em que as pessoas são convidadas a pensar num mundo sem petróleo. Tipo de reflexão que gera um efeito – buscar novas fontes de energia e evitar ser tão dependente do petróleo.
2) Os games produzem uma sensação de conectividade, engajamento, felicidade e inspiração que não encontramos em outras atividades do cotidiano. Por isso, fazem tanto sucesso e têm capacidade de serem utilizados para resolver problemas reais.
Veja também: Hans Donner + Freakonomics: 1º dia do HSM Management
Crédito da foto: Felipe Busi (1)


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