A Apple é a típica empresa que, com o passar dos anos, criou uma consistente posição no mercado, sendo identificada pelos consumidores com algo do futuro da internet. O que a Apple faz hoje será comum no mercado daqui a pouco. Foi assim com os aplicativos para smartphones, as telas sensíveis ao toque de mão, os tablets e o iTunes. Poucas empresas de tecnologia têm essa imagem.
Nesta semana, a empresa deixou clara essa posição ao lançar o Mac OS X Lion, nova versão do seu sistema operacional. O lançamento é visto como uma mudança profunda, similar a que ocorreu nos anos 80, quando a Apple apresentou um dos primeiros produtos com interface gráfica de usuário.
O Lion traz diversos conceitos da interface dos tablets para o computador pessoal (desktop). Por um certo tempo, as interfaces de sistemas para desktop influenciaram as interfaces móveis e touch. Agora o contrário acontece. O Lion mescla elementos do mobile/touch com o desktop.
No Lion, estão diversos recursos e elementos visuais da interface do iPad – aplicativos em tela cheia, salvamento automático de quase tudo, instalação de aplicativos com apenas um clique, rolagem natural das páginas (o que confundiu muita gente no início), além da dispensa do uso de pastas/diretórios e do mouse (se você não usa o computador para jogar games complexos e editar gráficos detalhados, dá para se virar tranquilamente com o trackpad de múltiplos toques).
O recurso LaunchPad (imagem acima), por exemplo, faz com que a interface do desktop fique semelhante à do iPad, com todos os aplicativos centralizados na tela. Similar ao iPhone ou iPad, você pode organizá-los em “folders”.
A integração com a App Store ganha mais destaque. Semelhante ao iPad, todas as atualizações e compras são centralizadas na loja de aplicativos da Apple. O próprio Lion não foi distribuído em CDs, mas apenas via transferência por meio da App Store.
A tendência é que a App Store torne-se o único meio de distribuição dos aplicativos usados no Mac, o que proporcionará mais simplicidade e segurança na compra e atualização dos softwares. No entanto, poderá aumentar ainda mais o controle da empresa sobre todo o ecossistema.
A Apple não é a única a seguir essa linha de trazer elementos da interface mobile para o desktop, dispensando assim pastas e barras de rolagem. Apresentado no mês passado, o Windows 8 tem vários recursos visuais do sistema Windows Phone 7 da Microsoft.
A intenção da empresa cofundada por Bill Gates é parecida – ter uma experiência mais unificada em todos os seus dispositivos, sejam eles mobile ou desktop.
Enfim, a tendência é que, cada vez mais, as interfaces mobile e desktop fiquem homogêneas e que as empresas mesclem ainda mais a sua visão mobile com a desktop. O que, no final das contas, promete ser uma das principais características da chamada “Era Pós-PC“. Período de tempo que, a rigor, não indica a morte do computador pessoal, mas sim sobre o que vem após.
No caso, esse “após” promete ser um cenário formado pelo computador pessoal (desktop) sofrendo modificações para suportar experiências cada vez mais mais intuitivas e unificadas.
Estamos num momento histórico da computação pessoal.
Veja também: Era pós-PC, segundo Ray Ozzie



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