Elas não podem falhar

Amazon e Sony ficaram na berlinda nas últimas semanas.

A primeira por apresentar falhas em seu serviço de cloud computing. Servidores do EC2 ficaram fora do ar durante 4 dias, afetando serviços populares na web, que dependem da tecnologia da Amazon, como Foursquare, Netflix e o site do New York Times. Mesmo depois da volta do serviço, alguns dados armazenados foram perdidos para sempre.

O caso da Sony foi ainda pior. Devido a um ataque de crackers, a Playstation Network – usada por usuários do PS3 para comprar jogos online e jogar a versão multiplayer de vários games – está fora de funcionamento há quase duas semanas. Dados dos usuários ficaram desprotegidos.

As falhas da Sony e Amazon deixam duas coisas evidentes – a primeira, que esse tipo de problema está se tornando cada vez mais comum. Quanto mais empresas coletam dados sobre a gente, maior o interesse de crackers em obtê-los.

Outra questão é que, mesmo na era da comunicação mediada por computadores, as empresas ainda demoram muito tempo em dar uma resposta sobre o que aconteceu.

A Amazon levou uma semana para comunicar oficialmente o ocorrido. A Sony quase o mesmo tempo; porém, num primeiro momento, não deixou claro o potencial risco do vazamento de dados.

Visando a futuros processos de indenização, as duas empresas adotaram uma postura comum. Passaram a fornecer compensações para quem foi afetado. A Amazon oferecerá créditos de 10 dias para usar o EC2. A Sony, 30 dias gratuitos de acesso à Playstation Plus, versão paga da rede online do PlayStation.

Ficam várias lições sobre o caso – há riscos em ser dependente de um único fornecedor de cloud computing. As empresas precisam ser mais rápidas nas respostas, principalmente numa época em que existem blogs e sites de notícias ávidos por atenção, bem como por gerar especulação em torno do caso. Se você não pode proteger os dados dos usuários, não os colete.

Talvez a lição mais sutil que fica para a Sony e Amazon é a de que “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”.

A Amazon tornou-se a principal fornecedora da tecnologia de cloud computing para diversas empresas. Hoje em dia, qualquer falha em seus serviços gera repercussão de grandes proporções.

A Sony, por sua vez, vem posicionando o seu PlayStation como um hub de entretenimento. É um aparelho que tem papel-chave em uma casa. Para algumas pessoas, o PlayStation não é somente para jogar games, mas também assistir online a filmes, ouvir música e navegar na web.

Em outras palavras, quanto mais uma tecnologia faz parte do nosso dia a dia, mais perceptíveis – e muitas vezes imperdoáveis – ficam as suas falhas.

Veja também: As pessoas estão nas “nuvens” faz tempo

Crédito da foto: Tilton Lane

3 respostas para “Elas não podem falhar”.

  1. Diferentemente da Amazon e da Sony, a Dreamhost.com foi totalmente transparente durante o ataque DDoS que sofreram e até a resolução do problema.

    http://www.dreamhoststatus.com/2011/04/30/major-system-wide-outage/

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    1. @Enderson Maia

      Obrigado pela informação, Enderson.
      Os caras fizeram quase um liveblogging informando sobre o problema.

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  2. […] grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Para o pesquisador, do mesmo modo que vender jornal não é o mesmo que comercializar qualquer […]

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