Se a gente olhar com calma, 2006 foi um ano marcante para a web. O YouTube foi comprado pela Google por US$ 1,65 bilhão, o DRM começou a dar sinais de morte, e, sem alarde, o Twitter foi criado (a ferramenta ficaria bem conhecida quase um ano depois, durante o festival SXSW).
No aniversário de 5 anos, o Twitter divulgou um vídeo comemorativo e diversos números hipnotizantes. Contudo, por motivos de autopromoção, não revelou, uma vez mais, o número de usuários ativos da ferramenta (pessoas que realmente estão usando o serviço).
Número de usuários registrados, por si só, sem o parâmetro de ativos, diz pouco (seu serviço tem 20 milhões de pessoas registradas, mas não é difícil imaginarmos que, por exemplo, apenas 8 milhões o utilizam efetivamente).
Durante os 5 anos, em muitos momentos, o serviço de microblogging foi, ao mesmo tempo, super e subvalorizado.
Na área de TV, ajudou a reforçar o conceito de 2 telas e de consumo simultâneo de conteúdo (comento no Twitter o que está passando na TV).
Tornou-se uma importante “plataforma de embarque” para outros sites, fazendo com que os autores de blogs considerem o Twitter uma fonte mais importante de tráfego do que utilizar técnicas de indexação nos sistemas de busca. Injustamente o Twitter foi acusado de “roubar” audiência dos blogs, enquanto que, na realidade, se transformou em um grande redirecionador de tráfego (o que o Twitter “roubou” foram os comentários).
Popularizou uma sintaxe de @s e #hashtags, que depois passou a ser utilizada por outros serviços.
Para alguns, de solução passou a ser problema para o “overload informativo”. No início, o Twitter era visto como um filtro à avalanche de informação. Porém, ajudou a criar outra, o que acabou por abrir espaço para serviços como o Paper.li, que produz um resumo diário do Twitter e funciona como “um filtro do filtro”, ou ainda a revista Flipboard, que destaca os tweets mais importantes de sua timeline.
A maior mudança se deu no ano passado quando o Twitter se assumiu como uma empresa de conteúdo. Na época, Kevin Thau, vice-presidente de negócios da rede de microblogs, afirmou que o Twitter não é uma rede social, seu foco não é conectar pessoas. As pessoas vão ao Twitter para encontrar informações, conteúdo.
Esse posicionamento fez com que o serviço de microblogging mudasse o layout do site e experimentasse formas nem sempre bem sucedidas de monetizar esse conteúdo. Essa postura gerou diversos atritos entre o Twitter e desenvolvedores de aplicativos para o serviço de microblogging (a partir do momento em que o Twitter planeja ter receita com publicidade, é obrigado a controlar melhor a “experiência” dos usuários com o serviço de microblogging).
É nítido que o Twitter perdeu muito do seu impacto inicial. Não é mais novidade para os chamados “early adopters”. Hoje sites e aplicativos, como 4chan, Instagram e até Facebook, são vistos bem mais na ponta de inovação.
Para relembrar os 5 anos, separei 10 posts sobre o Twitter. Uma pena que, com as mudanças de sistemas de publicação do blog, alguns textos acabaram se perdendo.
Repare que, no início, era meio difícil explicar o que era e para que servia o serviço de microblogging.
1) Hype do microblogging chega ao Brasil
2) Primeiro raio-X da “twittosfera brasileira”
3) Como foi participar de um programa que mistura TV com Twitter
4) Twitter até no telão da redação
5) O que acontece quando as celebridades viram “nerds”
7) Compra do Summize pelo Twitter mostra a importância da API pública
8) Difícil arte de mensurar o Twitter
9) Uma nova sintaxe para o Twitter
10) Novo Twitter deixa evidente diferenças com o Facebook
Somente por curiosidade, a imagem que abre o post é do meu primeiro tweet. Em inglês, aliás, pois havia poucos brasileiros no Twitter e a ideia no início era que cada tweet fosse uma espécie de “check-in” – indicasse aos seus contatos o que você estava fazendo em determinado momento.
Veja também: Matou a grade de horário e balançou os direitos autorais

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