Comentários rápidos sobre o paywall do NYTimes

O mesmo jornal que, há 4 anos, quis provar ao mercado que a cobrança por acesso ao conteúdo digital não era mais válida, agora quer mostrar o contrário.

O NYTimes voltará a cobrar pelo acesso ao conteúdo digital.

Os detalhes foram revelados nesta quinta-feira.

O sistema de cobrança será lançado em 28 de março. Em caráter de testes, desde hoje, está em funcionamento no Canadá.

Quem não é assinante do jornal poderá ler de graça 20 artigos por mês. Mais do que isso, será convidado a assinar um dos três planos:

1) US$15/mês – acesso ao NYTimes.com + aplicativo para celular
2) US$20/mês – acesso ao NYTimes.com + aplicativo para iPad
3) US$35/mês – acesso ao NYTimes.com + aplicativo para celular + aplicativo para iPad

Quem acessa o conteúdo do NYTimes via sistemas de busca, blogs e plataformas de redes sociais (Twitter e Facebook) continuará com acesso gratuito e sem limite de leitura. Além do mais, algumas seções do NYTimes.com não entrarão no sistema de cobrança, como o DealBook.

comentei bastante sobre o novo sistema de cobrança do NYTimes, mesmo assim, vale fazer alguns comentários rápidos:

1) A estratégia do NYTimes é um pouco diferente dos tradicionais sistemas de cobrança, que buscam cobrar de todos os leitores indiscriminadamente (sejam eles casuais ou fiéis). O do NYTimes busca manter os leitores casuais (que leem poucos artigos e “paraquedistas” via Google) e cobrar dos mais fiéis, que, de uma forma ou outra, já teriam propensão a pagar pelo acesso.

De certo modo, o NYTimes deixa de tratar igual os desiguais. Quem consome mais paga mais.

2) Os leitores do mobile (celular e iPad) sentirão mais o efeito do sistema de cobrança. Para quem não é assinante da versão digital ou impressa, os aplicativos do NYTimes passarão a dar acesso apenas ao “Top News”.

3) Num primeiro momento, o sistema favorece quem assina a versão impressa. A assinatura mensal do impresso (incluso o acesso completo digital) sai por até US$ 29 (EUA) nos primeiros 12 meses. Enquanto que, para novos assinantes, o acesso completo digital (web + celular + iPad), sem o impresso, sai por US$ 35 (mês).

4) Ao manter livre o acesso via sistemas de busca, blogs e plataformas de redes sociais, o NYTimes mostra, de certa maneira, o quanto o trafégo vindo desses ambientes é importante para o jornal. Porém, abre um buraco para que o seu sistema de cobrança seja burlado.

5) A cobrança pelo conteúdo já é considerada cara. O WSJ cobra, por exemplo, US$ 10,76/mês por acesso ao WSJ.com + celular.

6) Com a implementação do sistema de cobrança, ainda não está claro como ficará a política de acesso externo às APIs do jornal. Bem provável que passe por mudanças.

Veja também: Importância da publicidade separa Google e Murdoch

Crédito da foto: Don Dada

10 respostas para “Comentários rápidos sobre o paywall do NYTimes”.

  1. @jbenton do Nieman Lab teve sacada ‘investigativa’ bacana: através de proxy canadense, ultrapassou o limite do paywall e mostrou como é a interface do sistema na hora da cobrança

    http://www.niemanlab.org/2011/03/heres-what-the-new-york-times-paywall-looks-like-to-canadians/

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    1. @Javoski

      Opa, bacana. Valeu, Javoski!

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  2. bacana eles terem deixado o acesso via sistemas de busca. e inteligente tb.

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  3. […] assinatura por meio da App Store.Atualização em 18.03.2011 às 11h00 | Recomendo a leitura dos breves comentários feitos pelo jornalista Tiago Dória, que já escreveu como convidado aqui no TB, acerca da nova cobrança anunciada pelo New York […]

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  4. Embora tenha esta canja atraves de instrumentos de buscas e redes sociais eles impuseram muitas limitação aos leitores.É de certo que é uma empresa jornalística e toda empresa visa lucro, o WSJ é um jornal especializado na especulação financeira embora tenha algumas noticias variadas e portanto direcionado exclusivamente ao mercado de especulação, agiotagem,yuppies exploradores etc.. etc..aí acho até justo cobrar mas que deprimente trajetória do NYT, na verdade cerceando o acesso democrático a informação,abominável para um jornal que se diz DEMOCRÁTICO.Poderia ser mais criativo e faturar em anunciantes ou outro tipo de coisa,como sugestão lançar um album de figurinhas com as personagens importantes da história americana desde a indepêndencia dos USA a começar com benjamin frankin.

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  5. Paywall do NYT nem foi pro ar (está restrito ao Canadá) mas já tem bookmarklet para desabilitá-lo http://bit.ly/hjGDoY

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  6. Avatar de Eduardo Pimenta
    Eduardo Pimenta

    Tiago, e o Estadão? Eu assino a versão impressa, e com isso tenho algum acesso exclusivo (que uso pouco, mas uso). Mas o modelo é muito mais simples. Você chegou a pensar em compará-los, ou é conflito de interesses?

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    1. @Eduardo Pimenta

      Não entendi muito bem a sua colocação.
      Não existe conflito de interesses. Não trabalho no Estadão.
      Fiz a comparação com o WSJ por que ele é visto bem mais como concorrente ao NYTimes.

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  7. […] resultados do UOL foram divulgados após o ‘The New York Times’ ter adotado um novo modelo de cobrança de assinatura para […]

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  8. […] em março deste ano, o sistema de cobrança busca explorar a base mais fiel de leitores, que, de uma forma ou outra, […]

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