Nesta segunda-feira, foi publicada a versão 2011 do State Of News Media, estudo anual sobre tendências na área de mídia, produzido pelo Pew Research Center Project for Excellence in Journalism. O relatório é voltado ao mercado dos EUA, mas vale dar uma olhada em alguns pontos.
Segundo o material de divulgação do estudo, os destaques são um aumento na produção de conteúdo próprio na web e o fato de que, pela primeira vez, as pessoas preferem adquirir informações por meio da web (46%) do que via jornais impressos (40%).
AOL e Yahoo! são citadas como exemplos de empresas que passaram a investir nessa produção de conteúdo próprio e deixaram de ser apenas agregadoras de informações. Em 2010, ambas contrataram dezenas de jornalistas, montaram projetos de jornalismo e uma rede de correspondentes nos EUA.
Outro destaque é que o faturamento de publicidade online nos EUA superou a receita com anúncios de jornais impressos. No entanto, essa publicidade online nem sempre está associada a “conteúdo jornalístico”, o que não é um bom sinal para as empresas de jornalismo.
Em alguns pontos, o estudo repete algumas tendências reveladas em anos anteriores, como encolhimento das redações de jornais impressos nos EUA, além do crescimento do uso dos dispositivos móveis (aka celulares e tablets) para consumir informação.
No entanto, para variar, o mais interessante do State Of News Media não está nos “destaques oficiais”, mas nos detalhes.
Um deles consiste no fato de que algumas empresas de mídia estão concretizando uma tendência já indicada em outros estudos – a aquisição e o fechamento de parcerias com “startups de jornalismo” (pequenas empresas iniciantes focadas em inovação).
Cada vez mais, as startups são vistas como uma forma de trazer vitalidade e novas ideias para o “ecossistema de informação”.
Em 2010, a NYTimes Company fechou parcerias com duas delas. Vivian Schiller, diretora geral da NPR, declarou que startups são importantes para o futuro das organizações de jornalismo, pois são capazes de trazer inovação de fora.
Há 2 anos, a AOL comprou a Path, voltada a notícias locais, e, neste ano, levou para debaixo de seu chapéu o Huffington Post e a Outside.In, startup criada pelo escritor de cultura digital Steven Johnson.
Outro dado do estudo é que, para atingir leitores e anunciantes, as empresas de jornalismo necessitam cada vez mais de “intermediários” – Facebook, empresas de softwares, agregadores de conteúdo (Google News) e lojas de aplicativos com as suas próprias regras de receita e conteúdo.
É a 1ª vez que o relatório sobre jornalismo trata software como mídia, no sentido de que as pessoas atualmente utilizam softwares não somente como se estivessem acessando mídia, mas por que eles se tornaram um dos principais intermediários da comunicação e da produção de conteúdo.
Esse cenário impõe um desafio às empresas de jornalismo, pois quanto mais intermediários, maior a necessidade de divisão de receita e da base de dados sobre a audiência. O acesso a essa base de dados é essencial, pois, segundo o estudo, as organizações de mídia mais bem sucedidas serão aquelas que melhor souberem entender o seu público.
E, para entendê-lo, é necessário não somente o acesso a esses dados, mas também fazer uma leitura correta deles. No entanto, tecnologias e conhecimentos para tal leitura estão cada vez mais em empresas fora da área de jornalismo (Google, Apple, Amazon etc).
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Crédito da foto: HHhales

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