HSM Expo 2010: Philip Kotler é um guru

Para quem não é da área de marketing, é importante frisar – Philip Kotler é um guru no sentido literal do termo.

A palestra dele foi, até agora, a mais concorrida do HSM ExpoManagement 2010.

Na sessão especial realizada nesta terça-feira à noite, existiam pessoas em pé e sentadas no chão. A área reservada à imprensa foi liberada para que outras pessoas pudessem sentar.

Cinco mil pessoas estavam no auditório e mais algumas centenas do lado de fora, segundo a organização. Se fosse num campo aberto, existiriam pessoas penduradas nas árvores e nas torres de luz para poder assistir à palestra de Kotler.

O nome dele chegou a ficar no trending topics do Twitter durante alguns instantes.

O motivo do burburinho parece ser simples. Além de carregar um currículo como autor de 44 livros, Kotler defende uma visão “humanizada” da comunicação e dos negócios, o que ele chama de Marketing 3.0, marketing centrado em valores e não em produtos ou clientes.

As empresas devem se preocupar com a situação do mundo e contribuir para um mundo melhor. Não basta ser lucrativo e eficiente, tem que se preocupar com os outros. As empresas têm que ter causa e propósito. Um sentido na vida.

O que eu gosto nas palestras do Kotler é que ele bate na tecla de que as empresas vendem experiência e não produtos ou serviços. O que lembra uma outra apresentação que assisti recentemente na Pop!Tech – a de Elizabeth Dunn, especialista em psicologia do consumo. Segundo Dunn, nos sentimos bem mais satisfeitos como consumidores quando percebemos que estamos comprando experiências e não apenas produtos físicos.

Em tempos de dissolução da mídia física, a afirmação dos dois faz sentido.

As pessoas no iTunes não estão comprando música, mas experiência e facilidade (não preciso ficar procurando por uma música ou filme para baixar na web). As pessoas não estão atrás de mídia física, mas de experiência musical. O Startbucks não vende café, mas a “experiência do café”. Do mesmo modo, editoras não deveriam vender informação no papel, mas “experiências”.

Uma palestra que gostei no 2º dia do HSM ExpoManagement foi a do indiano Vijay Govindarajan. Tinha curiosidade de assistir à palestra dele. Govindarajan estuda a área de “inovação reversa” e de tecnologias em países emergentes.

Como exemplo de “inovação reversa”, que surgiu nos países emergentes e foi para as nações desenvolvidas, ele falou sobre o Grameen Bank, criado em 1976 e especializado em microempréstimo a pessoas de baixa renda, que tradicionalmente não fariam parte da população bancária.

Aliás, nem é preciso ir muito ao passado, algumas das “tecnologias de crise” mais inovadoras estão surgindo em nações emergentes e depois sendo exportadas para os países considerados desenvolvidos. Exemplo – Ushahidi.

Enfim, em matéria de inovação e tecnologia, os países desenvolvidos têm mais o que aprender com os emergentes do que o contrário. Ou seja, um processo contrário ao início da globalização, quando acreditava-se que os países desenvolvidos criariam as tecnologias e depois as adaptariam com pequenos ajustes aos emergentes.

Outra coisa interessante é que Govindaraja aplica um pouco de “filosofia indiana” junto à ideia de inovação/negócios.

Segundo ele, inovação passa pelo ciclo de decidir o que preservar, destruir e criar.

Quanto mais sucesso uma empresa obtém ao gerenciar o presente, mas difícil será esquecer seletivamente o passado e criar o futuro.

Crédito das fotos: HSM Brasil

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8 respostas para “HSM Expo 2010: Philip Kotler é um guru”.

  1. Na faculdade eu costumava chamar o "Administração em Marketing" dele de "A Bíblia Azul do Óbvio". Eu encaro esse livro em especial como o manual de todas as coisas óbvias que você pode vir a esquecer. Fico feliz de nunca mais ter carregado esse troço pesado pra cima e pra baixo. Dá pra matar uma pessoa com aquilo.

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    1. Sou um vendedor, não me lembro de ter feito outra coisa na vida, quando comecei a trabalhar na área comercial , os gerentes ou diretores das empresas não tinham a mínima ideia de quem era Philip Kotler, muito menos sua forma de entender o mercado.
      O mercado brasileiro era composto em sua maioria de empresas administradas por famílias, em muitos casos essas "famílias" conseguirão através de influencias reservas de produtos ou serviços e monopólios, essas empresas ignoravam o óbvio, pois não corriam risco.
      Quando abrimos o país para novas empresas e permitimos a importação de produtos similares, as empresas que ignoravam o óbvio quebrarão, foram muitas, praticamente todas as familiares, pois não eram competitivas.
      Os poucos profissionais na epoca que tiveram acesso as informações de Kotler ou de qualquer outro guru alertarão as empresas porem quase sempre em vão.

      Abraços

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  2. "dissolução da mídia física". Bonito.

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  3. Kotler is so last week =)

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  4. Nós profissionais do Mkt por anos carregamos livros do Kotler em nosso material e a cada tempo que passa parece que precisamos ler e aprofundar mais. Queria muito estar nessa palestra pois tenho certeza que surgiriam ideias novas e inovadoras….

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  5. Olá,

    Faltou comentar a falta de organização, que fez com que uma palestra promissora de 2 hrs se tornou num apanhado de 40 min, por causa da má organização do evento que convidou pessoas a mais.

    Ele pulou mais de 15 slides e quando ia começar um raciocinio, logo ja emendava "mas isso vcs podem encontrar no meu livro" tudo por causa que a organização acelerou a apresentação dele.

    Fiquei muito feliz no inicio da palestra mas decepcionado do modo como foi levada depois da interrupção e compilação de tudo.

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  6. Concordo com você Caio.

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  7. Onde consigo o vídeo???

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