Tráfego, tráfego, tráfego

Existem tantas métricas e serviços que apresentam números de audiência conflitantes que, muitas vezes, eles acabam se anulando e travando as decisões das publicações online. Essa é uma principais conclusões de um estudo produzido pela Universidade da Columbia, que mostra como as publicações lidam com os relatórios de audiência que chegam às suas mãos.

Segundo a pesquisa, no meio digital, existe uma abundância de métricas e de serviços que apresentam números conflitantes, que uma parte dos editores prefere, no final das contas, não utilizar nenhum relatório de audiência para apoiar suas escolhas editoriais.

Neste sentido, grandes publicações utilizam ao mesmo tempo diversos serviços de mensuração da audiência. Publicações menores, apenas o Google Analytics (Aqui, no Brasil, pelo menos, a ferramenta da Google virou quase que “padrão de mercado”).

Ainda sobre o assunto, no comecinho da semana, o NYTimes publicou uma matéria sobre como as principais publicações lidam com os relatórios de tendências de tráfego em seus sites.

O Wall Street Journal, por exemplo, é o mais prático. Todo dia, na parte da manhã, os editores recebem um relatório com os artigos e os termos de busca que estão gerando mais tráfego, além de repercussão no Twitter.

O NYTimes, por sua vez, diz que não se apóia em números para determinar como as suas matérias são exibidas (não é o “American Idol”). O Washington Post deixa em sua redação um monitor ligado, que mostra, em tempo real, quais assuntos estão rendendo mais visitas.

A maioria das publicações diz tentar o equilíbrio entre o que a audiência quer e o que ela precisa ler/ouvir/questionar. O conhecido debate interesse público versus interesse do público.

Acredito que o problema nem seja de apoiar boa parte das decisões editoriais em números e, desse modo, correr o risco de fornecer apenas o conteúdo que gera mais audiência imediata. Isso vai da estratégia de cada publicação. Elas não são necessariamente excludentes, mas algumas publicações querem ter a melhor audiência; outras, a maior audiência.

Penso que a principal questão é a interpretação dos números. De nada adianta números confiáveis chegarem às suas mãos se você não sabe fazer uma leitura deles.

Até hoje é comum ver pessoas que trabalham na área de internet confundindo número de usuários registrados com o de ativos, quando não muito se apoiando piamente em parâmetros que facilmente podem ser gerados de forma artificial, como pageviews e números de seguidores.

Um exemplo é o próprio Twitter que, por motivos de autopromoção, divulga apenas o número de usuários registrados, e poucos jornalistas e blogs questionam isso. Número de usuários registrados, por si só, sem o parâmetro de usuários ativos, diz pouco (seu serviço tem 10 milhões de usuários registrados, mas, de repente, apenas 2 milhões realmente o estão utilizando).

Nem vou comentar quando se “compara maçã com laranja”. Na mídia impressa, como parâmetro de sucesso, dificilmente alguém vai equiparar a tiragem de um livro com a de uma revista semanal (estão na mesma plataforma – mídia impressa – mas são propostas diferentes). Contudo, na mídia digital é permitido comparar, por exemplo, a audiência do NYTimes, que é um veículo, com a do MSN messenger, uma ferramenta de comunicação.

Mesma plataforma, mas negócios diferentes.

Veja também: Reputação digital preocupa cada vez mais as pessoas

Crédito da foto: Plus45 e Victoria Peckman

4 respostas para “Tráfego, tráfego, tráfego”.

  1. Ontem mesmo vi uma palestra em que o cara comparava a audiência do NYT com a do Twitter.

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    1. A moda agora é comparar a audiência do Twitter e do Facebook com qualquer outra coisa.

      Antigamente faziam isso, mas com o MySpace…

      abs

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  2. Oi Tiago, duas ótimas reflexões, números por números e comparação entre canais de diferentes estilos.

    Muito bom o post.

    Abraços,
    Vinicius

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    1. Obrigado, Vinicius.

      Abs

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