Jornalismo deve se tornar sexy

Mesmo que à distância, acompanhei o Data-driven journalism, seminário sobre jornalismo de dados, que aconteceu nesta terça-feira em Amsterdã, na Holanda, promovido pelo EJC (Centro Europeu de Jornalismo).

O evento reuniu desenvolvedores e representantes do Guardian, NYTimes e Financial Times para discutir o tema que está em voga no jornalismo – visualização e uso de banco de dados.

Separei os pontos que achei mais interessante no evento:

1) Nicolas Kayser-Bril, editor do site de mídia Owni, disse que o jornalismo deve se tornar sexy, como World of Warcraft. Kayser-Bril falou no sentido figurado. Concordo com ele. Hoje o jornalismo deve ser mais atraente, não somente no uso de novas interfaces, mas também na busca de histórias que sejam relevantes. Junto essa frase de Kayser-Bril ao debate sobre conteúdo pago que aconteceu no Digital Age 2.0, na semana passada, aqui, no Brasil.

O debate em si foi bem fraco, mas foi levantada uma questão importante – o audiovisual está adquirindo uma importância maior frente ao texto escrito. E a web, por si só, tem um apelo bem mais audiovisual. As equipes de jornalismo precisam se adaptar ainda mais a esse cenário.

2) Practical Guide to Designing with data, livro sobre visualização de dados que foi comentado durante o evento.

3) Storyful, site cocriado por David Clinch, editor internacional da CNN. Ainda em testes, tem a proposta de fazer uma curadoria, em tempo real, das melhores histórias publicadas na web.

4) Ultra Knowledge, startup especializada em visualização de dados. Ela é responsável pela tecnologia por trás do NewsWall, sistema visual de busca de notícias do Independent (sempre pensei que o NewsWall era tecnologia própria do jornal).

A startup tem outro produto – o TweetWall, que pode ser utilizado para exibir os principais tweets em um evento.

5) Timetric agrega dados sobre diversos assuntos e fontes. Na realidade, faz scraping – extrai dados de diversos sites e passa os mesmos para um formato mais “amigável” e “buscável”.

6) Jonathan Gray, do Open Knowledge Foundation, publicou a sua apresentação sobre jornalismo de dados. Muito boa por sinal.

Em resumo, ainda publicamos conteúdo sem pensar que ele poderá ser reutilizado (questão do reuso, mashups), dados são utilizados apenas para ilustrar/complementar matérias, ainda usamos formatos que não podem ser lidos por máquinas. Equipes de jornalismo precisam utilizar dados como ponto de partida para uma matéria, criar visualizações que possam ser reutilizadas e serem conectadas com outros bancos de dados.

7) ScraperWiki reúne ferramentas e tutoriais para que jornalistas e programadores-jornalistas possam fazer scraping (raspagem de dados).

Em breve, a previsão é que vídeos e apresentações do Data-driven journalism estejam disponíveis no site do EJC. Vale a pena ficar de olho no twitter deles em @ejcnet

Veja também: Wikileaks mostra importância do “jornalismo de dados”

6 respostas para “Jornalismo deve se tornar sexy”.

  1. ótimo post Tiago. ótimas dicas também. Gostei bastante desse ScraperWiki, pretendo "brincar" um pouquinho com as ferramentas dele e ver o que pode dar.

    abs

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  2. Tiago, apesar de ser uma defensora do bom texto concordo que a concorrência com audiovisual é cada vez maior. Mas é preciso ter cuidado para que este recurso não fique cansativo e repetitivo. Outro problema e digo isso do ponto de vista de quem trabalha em impresso é que, apesar dos tombos de tiragem causados pela concorrência com a informação online, os site de notícia ainda não são rentáveis (com raras e louváveis exceções) e as tiranges dos jorais tradicionais voltaram a crescer. O formato de ambas as midias continua em mudança e este panorâma hibrido ainda mostra que temos muito para ver. Um abraço

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  3. Muito interessante o post, muito bem feito. Mas só digitalizar o jornalismo não vai torná-lo mais atraente, a forma como é feito também deve mudar, adaptar-se e evoluir.

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  4. Belo post. Este blog é referência. Acho que o jornalista precisa só mudar a forma de apresentar a infomração. Antes, havia um glamour em torno do belo texto, o que está desaparecendo em um mundo imediatista. A sociedade, principalmente os mais jovens, querem informação instantânea. Reportagem de profunidade, com análise profunda e texto capricado e com estilo, terá ainda seu nicho, mas não como antigamente. Essa é minha opinião, mas ainda estou formando-a, conforme pesquiso e leio. Abraço.

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  5. […] um comentário » Data-Driven. Assim que, podemos chamar a reprodução de conteúdo realizada pelos sites Políticos do Brasil do […]

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