“Neutralidade da internet” é um assunto que sempre gera burburinho. Não é sem motivos, diz muito sobre como usaremos a internet, plataforma que caminha para ser a principal na entrega de informações e comunicação.
O conceito de “neutralidade da internet” parte do pressuposto de que todos conteúdos e serviços web devem ser tratados iguais. Um provedor de internet (operadora de telecom, empresa de TV a cabo), por exemplo, deve ser neutro, não pode favorecer ou desfavorecer um site ou um tipo de serviço (um site de vídeos abrir mais rápido que os dos seus concorrentes. Ou ainda, bloquear ou prejudicar o funcionamento de aplicativos VoIP).
É uma questão delicada para empresas que dependem da infraestrutura de internet – Hulu, Skype, Apple, BitTorrent. Por isso, o conceito de neutralidade assusta muita gente, pois deixa evidente que quem controla a infraestrutura da internet tem um grande poder em suas mãos.
Nesta segunda-feira, Google e a operadora de telecom Verizon apresentaram para parlamentares norte-americanos uma nova proposta de “neutralidade da rede”. A proposta mantém vários princípios da neutralidade – não discriminação de conteúdo, transparência nas políticas adotadas nas redes, acesso universal. Contudo, existe um tópico que permitiria aos provedores criar serviços a mais e diferenciados de acesso.
O texto da proposta é meio confuso, dá margem a várias intepretações. Exclui as redes em fio, questão importante. Mas o que fica entendido é que poderiam existir duas internets, semelhante ao que já acontece na plataforma de TV, na qual existe a TV aberta e a TV a cabo (por assinatura). Existiria uma internet aberta (a que usamos atualmente). E uma outra fechada, onde existiriam serviços especiais e velocidades melhores.
Independente de sua validade, essa proposta mostra que, uma vez mais, a Google está se deslocando de seu núcleo duro, que são as buscas. Na realidade, há muito tempo, a Google deixou de ser apenas uma empresa de busca. A empresa vem se diversificando para reforçar o seu crescimento e aumentar a sua visibilidade.
É difícil encontrar um segmento de tecnologia digital em que a Google não esteja presente, nem que seja de forma bem discreta e apenas para marcar território. No entanto, existe uma área em que a Google está dando atenção especial, é justamente a de infraestrutura. Atitude que talvez seja apoiada na mentalidade de quem possui a infraestrutura da internet estará sempre com a faca e o queijo na mão, além de sua necessidade própria de que tenhamos mais acesso e largura de banda (Recentemente, a Google liberou uploads de até 15 minutos no YouTube).
Logo após o anúncio da proposta, foi criado um abaixo-assinado, revindicando uma posição menos pragmática e mais transparente da Google. O que vai ao encontro do que já comentei por aqui. A Google pode até não ser uma empresa de mídia, mas é vista como uma, no sentido de que queremos que ela tenha uma postura neutra, aberta e transparente. Em sua maioria, esperamos que, por exemplo, a Google defenda valores igualitários, não seja “evil”.
Veja também: Importância da publicidade separa Google e Murdoch
Crédito da foto: Stéfan


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