Por uma internet mais humana

Você já deve ter ouvido por aí que a internet transformou escassez em abundância. No entanto, existe uma escassez que a internet não exterminou até hoje – a de boas críticas ao seu modus operandi.

Uma das minhas últimas leituras tenta preencher essa lacuna – Gadget – Você não é um aplicativo (248 páginas/Editora Saraiva), de Jaron Lanier, pesquisador, um dos pioneiros da web e da realidade virtual. É um dos livros mais eruditos pertencente à safra atual de autores críticos à internet. E passa bem longe do desabafo raivoso de O Culto ao Amador, de Andrew Keen.

Lanier parte do pressuposto de que a glorificação de mantras – como colaboração online, informação livre e sabedoria das multidões – tem ofuscado a criatividade individual e o livre-arbitrio. Hoje a opinião de um sommelier vale menos do que um serviço de internet sobre vinhos que tenha um potente algoritmo capaz de reunir a opinião de vários anônimos na internet. Em nome de uma suposta “inteligência coletiva”, existe um mito de que quantidade é qualidade.

Acredita-se demais na sabedoria das multidões e pouco na do indivíduo.

Uma tecnologia que agrega conteúdo tem, por exemplo, mais destaque do que o indivíduo que produz conteúdo original. Ou seja, o algoritmo, a tecnologia são mais relevantes do que o “ser humano individual”. Segundo Lanier, isso precisa mudar. O indivíduo necessita recuperar o reconhecimento, como o era desde os primórdios da web.

A partir dessa premissa, o autor foca as críticas no hype das plataformas de redes sociais. Com a autoridade de ser um dos visionários pioneiros da web, Lanier afirma que as atuais redes sociais são impessoais, incentivam as pessoas a criar presenças online padronizadas. Bem diferente do início da web, quando você tinha liberdade criativa para fazer o que quisesse em uma página pessoal. Cada página era de um jeito, o que refletia a natureza própria de cada pessoa.

O Facebook, ao contrário, padroniza tudo. Todos os perfis têm o mesmo layout e a mesma arquitetura. Quando entramos na rede social, somos obrigados a preencher um cadastro impessoal, que parece feito para um público padrão. Temos que limitar toda a nossa personalidade a algumas linhas de texto.

Em outras palavras, nos diminuímos como ser humano para entrar nos parâmetros pré-definidos da rede social. Por isso, é uma ilusão achar que as plataformas de redes sociais são um retrato completo e fiel do que somos.

Neste sentido, Lanier afirma que as plataformas de redes sociais não aumentaram numericamente as nossas amizades. Na realidade, reduziram a noção do que seja amizade. Um exemplo é o fato de existirem pessoas orgulhosas de ter acumulado milhares de amigos em redes sociais. Isso, segundo o pesquisador, não passa de uma pura ilusão e reducionismo do conceito de amizade. Reflexo de como as pessoas se diminuem para poder utilizar um serviço de internet, enquanto que, contrariamente, os serviços de internet que deveriam se adaptar a gente.

Nessa linha, softwares e serviços de internet, em vez de nos libertar, criaram padrões e nos prenderam a estruturas prontas, que ofuscam a nossa visão e deixam de fora outros caminhos.

A noção de arquivo é um exemplo. Nos primórdios da computação, diversos cientistas achavam que a ideia de arquivos não era boa, refletia muito pouco a natureza humana. A expressão humana não vem em blocos ou gavetas. No entanto, para poder utilizar os computadores, nos adaptamos à ideia de arquivos, quando o contrário deveria ter acontecido.

Segundo Lanier (foto abaixo), o conceito de arquivos se tornou tão totalitário na computação que, hoje em dia, não conseguimos pensar em outro tipo de estrutura.

Ainda na questão das redes sociais, o autor afirma que o Facebook trabalha com uma das piores coisas que existe na humanidade – pressão social. O newsfeed da rede social opera neste sentido – informa a todos os seus amigos o que você fez, comprou, leu e curtiu. É como se ele dissesse – eu li, comprei e curti tal coisa. Você também não vai ler, comprar e curtir? Vai ficar de fora?!

Sobre o quanto a tecnologia influencia a cultura e vice-versa, Lanier afirma que é um mito acreditar que a adolescência está sumindo – as pessoas pulariam direto da infância para a vida adulta. Na realidade, estaria acontecendo o contrário, a infância e a adolescência estariam sendo prolongadas.

Hoje é comum encontrar pessoas na faixa dos 30 anos que ainda estão namorando e não tomaram nenhuma decisão definitiva do que querem fazer da vida. Seria como se elas ainda estivessem em um “útero estendido”. A internet foi uma das tecnologias que melhor absorveu essa mudança de comportamento e cultura.

Crianças e adolescentes querem atenção. Da mesma forma, hoje, em nossa “adolescência prolongada”, podemos receber atenção suficiente por meio de redes sociais e blogs. Adolescentes e crianças querem evitar a ansiedade da separação. Da mesma forma, “tuitamos” para manter uma conexão constante e minimizar a noção de casa vazia na hora de dormir (quando li essa parte, lembrei que algumas pessoas ficam penduradas no Twitter até a hora de dormir).

Segundo Lanier, essa “adolescência prolongada” se reflete em pequenos detalhes na web – nos nomes de startups – MeTickly, Ublibudly -, que parecem saídos de um jardim de infância, e também nas discussões em blogs e comunidades em redes sociais, nas quais muitas vezes os participantes têm postura de crianças mimadas (somente porque você não me deu atenção, vou escrever um post contra você).

Essa “adolescência estendida”  se reflete também quando diretores de startups do Vale do Silício se reúnem. Segundo o pesquisador, quando você pensa que eles estão preocupados em gastar seus neurônios para encontrar uma forma de curar o câncer ou o problema de água potável no mundo, descobre que, na verdade, eles estão discutindo sobre como criar um serviço que permita fazer upload de fotos de gatos ou dragões de jogos RPG.

Lanier não faz juízo de valor quanto a essa mentalidade de “eterna adolescência” potencializada pela web, mas afirma que é preciso termos conhecimento de que ela existe. A infância e a adolescência são as fases mais interessantes da vida, quando aprendemos a usar a imaginação sem restrições, mas também é a época em que deixamos transparecer alguns dos aspectos mais negativos, como o egoísmo.

Do antepenúltimo capítulo em diante, Lanier perde totalmente o foco do livro, começa a fazer algumas divagações muito pessoais sobre realidade virtual. Porém, o pesquisador deixa transparecer a sua visão transcendental e futurista da realidade virtual. Vivenciar é, para ele, a melhor maneira de aprender algo. E com a realidade virtual, o homem poderia mesmo que artificialmente vivenciar várias coisas, o que proporcionaria uma experiência reveladora, um melhor conhecimento de si mesmo.

Você não é um aplicativo é um dos poucos livros que mostra o quanto alguns mantras sagrados da web – crowdsourcing, sabedoria das multidões, informação quer ser livre – viraram mainstream, lugar comum. Esses mantras, segundo o pesquisador, estão nos negócios do Vale do Silício, no meio acadêmico e no foco da cobertura da imprensa de tecnologia. A tendência é que esse tipo de pensamento fique igual à noção de arquivos, tão incrustada em nossa sociedade que não teremos capacidade de pensar em outros caminhos possíveis.

Até entendo essa visão de Lanier, uma vez que ele está muito envolvido no Vale do Silício, mas acho que exagera um pouco nesse ponto. Realmente, esse tipo de pensamento virou lugar comum. Basta ir a um seminário sobre internet. A linha de pensamento e filosofia dos palestrantes é, em geral, muito parecida. É possível, no entanto, encontrar pessoas que fogem desses mantras, que gostam de nadar contra a corrente.

Para mim, Você não é um aplicativo soou como se um dos visionários pioneiros da web chegasse e dissesse – Desculpe, as coisas não saíram conforme o planejado, contudo ainda há chance de reverter. Neste sentido, Lanier não se parece com um luddista. Ele quer que a gente continue utilizando a internet, mas centrado nas pessoas e não nas tecnologias.

“É um erro segmentar uma rede de pessoas em pedaços tão pequenos que você acaba com uma massa disforme. Então, você começa a se preocupar mais com a abstração da rede (sabedoria das multidões) do que com as pessoas reais que participam dela, apesar de a rede por si só ser totalmente inexpressiva. Só as pessoas têm alguma importância”

Se existe uma frase que melhor define o livro, ela é –  antes de tudo, são as pessoas, e não as tecnologias, as responsáveis pelos grandes avanços da humanidade.

Veja também: A Arte de criar e transmitir boatos

Crédito das fotos: mrdestructicity, jdlasica, smlions12 e fensterbme

44 respostas para “Por uma internet mais humana”.

  1. Avatar de Claudia Dedeski
    Claudia Dedeski

    Com relação ao fenômeno da 'adolescência estendida', já em 1999, a psicóloga Tania Zagury publicava livro sobre o assunto: Encurtando a Adolescência. Ou seja, o 'problema' já não é mais uma criança… ; )

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    1. Obrigado, Claudia! O tema é bem interessante

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  2. Excelente comentário sobre o livro, fiquei bastante curioso para conhecer a Obra. Apesar de um tema recente e considerado por muitos irrelevante, acho válido discuti-lo, visto que a internet é acessada por mais e mais pessoas a cada dia. E ela deixou de ser apenas uma realidade virtual, passou a fazer parte das vidas das pessoas, ela faz ajuda o mundo a girar nessa velocidade incrível que temos hoje. Entendê-la para sua melhor utilização é muito importante. Abraços!

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  3. Bem interessantes as críticas feitas por Lanier, me interessei principalmente pela questão sabedoria das multidões x conhecimento do indivíduo. Uma crítica que tenho à maneira como a web tem caminhado é que as as pessoas estão perdendo seu poder de organização e entregando às empresas. Pegue, por exemplo, o exemplo do foursquare. Um aplicativo simples que um grupo de pessoas poderia criar e gerir com regras e dados abertos, mas que as pessoas entregam à uma empresa e se submetem a termos de uso que mal conhecem. A Web 2.0 é a internet feita por pessoas, mas controlada por empresas.

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    1. Em um trecho do livro, o Lanier faz uma crítica neste sentido. De que os grandes beneficiados com abstrações, como sabedoria das multidões, são justamente as grandes empresas (Google, Facebook etc) e não o indivíduo.

      abs

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      1. Os indivíduos não saem beneficiados tb? Não é possível uma relação ganha-ganha em algumas dessas abstrações? Acho essa demonização das empresas um tanto infantil.

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  4. Tiago, melhor que o livro é, como sempre, sua interpretação das informações – isso que me faz ler seu blog todos os dias. Parabéns!

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  5. Olá Tiago,

    Fiquei muito animado com o livro depois que li sua análise. A tradução ficou boa? Sou meio implicado com esses livros que abordam questões tecnológicas, pois geralmente os termos não são bem traduzidos. O que você achou da "versão brasileira"?

    Um abraço e até mais.

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    1. Oi Frederico,

      Recomendo sempre ler a versão original em inglês. Para ter uma ideia, de "You Are Not A Gadget", o título do livro passou para "Você não é um aplicativo".

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  6. Como comunicadores e formadores de opinião, precisamos nos esforçar e propagar essa reflexão
    a todo momento, pois muitos adolescentes não conseguem entender o que está acontecendo com suas vidas.
    Brecar essa aceleração e crescimento das redes sociais acho improvável acontecer, entretanto, podemos utiliza-las para
    em algum momento sugerir mais relações pessoais afim de humanizar essas atividades.
    Abs

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  7. Apesar de concordar com diversas coisas debatidas pelo autor, achei por esse texto que ele possui uma visão um tanto conservadora do que é uma "vida".

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  8. […] Por uma internet mais humana, por Tiago Dória. […]

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  9. Não entendi a parte sobre os arquivos. Sempre achei que eles foram criados com uma finalidade definida, como uma ferramenta… Qual é a crítica dele? Não ficou claro para mim…

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    1. A crítica é que eles não refletem a forma como o ser humano organiza as ideias.
      Nisso, ele critica que a ideia de arquivos ficou não enraizada na computação que não conseguimos pensar em outras estruturas.

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      1. Nesse ponto discordo dele, pois me parece que Lanier quer que a essência humana seja transposta nos sistemas computacionais, mesmo quando há solução melhor. Qual a alternativa ao sistema de arquivos? Armários abarrotados de coisas? Gavetas onde jogamos tudo que “magicamente” aparece na mesa de trabalho?

        []’s!

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      2. Quem usa Mac – e agora os usuário do Windows 7 – pode contar com um recurso que, longe de extinguir totalmente a ideia de "arquivos", transforma completamente a relação que temos com eles. É o Spolight, no Mac. No Windows 7, eu praticamente não raciocino mais em termos de arquivo, como fiz muito fortemente até o Win XP (pulei o Vista, por isso desconheço), vou direto ao meu objeto/destino teclando o nome dele na barra de ferramentas. Parece pouco, mas é uma evolução na maneira de pensar a organização e interface dos computadores. Abraços…

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  10. Tiago, muito incrível seu artigo.
    Parabéns!

    Concordo muito com muitas coisas aí expressas.

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  11. Você foi até simpático demais com o Lanier. A mensagem dele é boa, mas ele escreve muito mal. Li o original em inglês há algum tempo e lamento o quanto a mensagem principal – afastamento da meritocracia em prol do “saber da manada” ficou prejudicada pela falta de boa concatenação das ideias, pela dispersão geral dos temas e por ideias estapafúridas (como a do “colar para tocar música”).

    Depois de ter lido Keen, Carr, Siegel e Lanier, sinto que ainda falta alguém escrever melhor do que todos eles. A mensagem é muito importante e falta alguém expor decentemente esses argumentos.

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  12. Adorei a crítica. Finalmente vejo algo realmente novo e diferente sendo dito sobre a web. Fiquei a fim de comprar o livro.

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  13. Oi Tiago,

    Mas a opinião de um sommelier nunca valeu nada para mim e para a maioria das pessoas.

    Prefiro, nestes casos, a opinião de vários desconhecedores de vinhos, simplesmente porque minhas papilas gustativas não são especiais como a de "especialistas". Assim, um algorítimo tem maiores chances de acertar o meu gosto do que o melhor dos provadores de vinho.

    Logo, há realmente uma “inteligência coletiva” , mesmo que para o especialista pareça uma "burrice coletiva".

    E a conta fecha quando se corrige a lógica para:
    A quantidade de qualificações individuais, quando ordenadas e classificadas, supera a qualificação de uma meia dúzia de índivíduos.

    É isso que assusta o especialista, mas a verdade está velada!

    []s

    Paulo Ganns

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  14. bom re-descobrir conteúdo através de seu trabalho Tiago.

    considerações :

    a primeira já comentada pela Claudia Dedeski, trata do fenômeno da adolescência tardia. fruto das mudança de comportamento e hábitos da sociedade como um todo. eu citaria “Sem Padecer no Paraíso” da Tania Zagury.

    a segunda: alguns estudos realizados no Brasil e nos EUA (a revista Veja publicou matéria) demonstram a incapacidade humana de manter relacionamentos com um número grande de pessoas. o máximo seria, variando a fonte, entre 130 ou 350 pessoas. sem entrar no mérito das capacidades de comunicações e respostas, as pessoas claramente somam números e artifícios para que possam maquiar a sua inaptidão em gerar relacionamentos próximos e duradouros, de modo as afastem do isolamento e solidão.

    vendo na internet o fenômeno jovem é realmente importante abrir o debate sobre disponibilizar conteúdos livremente, já que uma das características do adolescente é o forte desejo de socialização e de fixação da identidade através do grupo, embora isto tenha muito a ver com nível de educação.

    por outro lado, enquanto todos somos formadores de uma aldeia global, Karl Yung já nos falava sobre o Inconsciente Coletivo, onde a massa sistematiza valores e conceitos para criar sua identidade, ou como há dois céculos atrás, o antropólogo Léwis Strauss mostrou entre indígenas no Xingu, na verdade sistematiza suas normas de conduta.

    então parece que enquanto a internet está apenas dando visibilidade às ambigüidades dos comportamentos existentes na sociedade, sobre os acertos e erros da família contemporânea, se percebe por um lado a busca do contato, da comunicação e da possibilidades limitadas de interação e por outro, a contínua mudança de hábitos.

    eu, por exemplo, descobri através da fita k7 a maravilha de fazer minha própria lista de música em 1970.

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  15. Tiago.

    Não é a primeira vez que vejo você citar algum livro em seu blog. Nunca li nenhum dos livros citados mas sempre me interesso em saber um pouco mais da obra através de resenhas ou outras críticas. Porém eu gostaria de acessar o seu blog e poder encontra uma lista de livros nos quais você recomenda ou já citou em seus textos . Acredito que uma secção bibliografia recomendada já bastaria. Essa é a minha dica para melhorar o que já é bom.

    Abraço,
    Samuca

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    1. Seria interessante uma seção apenas para livros, separados por título e tal.

      Atualmente, é possível acompanhar os que citei por aqui, por meio da categoria http://www.tiagodoria.com.br/coluna/category/livros.
      Todos os posts relacionados a livros ficam nesta categoria.

      abs

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  16. Olá, Tiago, acredito que o livro é uma ponta do refluxo sobre as tecnologias da felicidade ( o filósofo Liebniz, que é o pioneiro da Tecnologia da Informação, já falava delas nos seculos XVII e XVIII). Muita gente no Brasil soube utilizar o ufanismo sobre as possibilidades tecnológicas da rede (que é fato) para transformar em barricadas ideológicas. Muita gente foi enganada (e continua sendo) sobre as "potencialidades' que a tecnologia proporciona, ou seja, que pode movimentar o cidadão do estado A para o estado B (conhecimento), sem muito esforço, somente sabendo utilizar tecnologias de rede. Se olharmos para as curvas de adoções tecnológicas, nos últimos séculos, podemos perceber que esse refluxo é um padrão. Ainda bem, pois daqui para frente, poderemos equalizar as informações, os prós e os contras (sim eles existem e vão aparecer muito mais) e conhecer as reais questões que envolvem esse momento importante na história da humanidade que é o desenvolvimento de sistemas computacionais digitais conectados via redes telemáticas. Parabéns pelo texto.

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    1. Obrigado, Walter! Ótimo comentário. Realmente essa questão do refluxo está bem presente.

      abs

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  17. Quero registrar que o responsável pela publicação deste livro pela Saraiva no Brasil foi um dos caras mais ligados em tecnologia, mundo digital e inovação, apesar de ter nascido no mundo da música: João Marcello Boscoli.

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  18. Avatar de runmotherfuckerrun
    runmotherfuckerrun

    Mais um excelente post|!

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  19. Há que se admitir que essa padronização de layout e formulários de apresentação resultou do surgimento de aplicativos (blogger e fotolog, são alguns exemplos antigos) que facilitaram o acesso de pessoas à rede e viabilizaram a sua expressão no mundo virtual. Imagine se dependêssemos da criação de perfis virtuais artesanalmente. Talvez tenha sido um passo na direção da inclusão, para que depois se consiga subverter esses pré-formatos. Existem usuários desas mídias reinventando seu propósito inicial (não vou sair citando aqui pra não me prolongar ainda mais). São raríssimos, com certeza, e talvez bem limitados ainda nessa reinvenção, mas que mostram que a possibilidade existe. São esses peixes nadando contra a corrente.

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  20. Em geral sou bastante aberto a interpretações e propostas diferenciadas do uso da Web, mas tenho que discordar das do Lanier.

    Primeiro, sobre crowdsourcing. Ainda temos opiniões pessoais de peso (aqui entram os blogs), e acredito que elas estejam equilibradas com as das multidões. Esse "mix" pode ser sentido quando procuramos informações sobre um gadget: lemos análises de pessoas em quem confiamos, mas ao mesmo tempo damos uma olhada na avaliação do público que o produto teve no CNET, consultamos comunidades no orkut, e por aí vai. Nesse sentido, vejo o crowdsourcing como um complemento, não um substituto.

    Em relação à padronização da Web, novamente discordo dele. Muito da organização e manipulação de dados que, em último caso, resulta em consultas mais confiáveis e apuração mais detalhada. Prefiro muito mais a certeza de um layout organizado e informações pré-dispostas do que a bagunça dos sites "Geocities", ou os temíveis perfis do MySpace.

    Apesar das discordâncias, trazer o assunto a tona é interessante. Procurarei esse livro, obrigado pela indicação!

    []'s!

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    1. viva a toscoweb!

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  21. Gostaria de fazer os seguintes comentários…

    1) Há ferramentas que condensam a informação crítica como metacritic.com que busca base em publicações especializadas para dar uma média final a determinado filme, jogo etc… assim a internet fica um “pouco” mais inteligente
    Exemplo: http://www.metacritic.com/film/titles/twilightsaga3

    2) Padronização como as do facebook apresentam seu lado positivo também no momento em que facilita a qualquer pessoa buscar determinada informação ou saber onde pode comentar determinado assunto, caso contrário, havendo diferenciação perante os quase 500 milhões atuais de usuários teríamos uma ZONA SÓ…aliás já era uma zona quando no início recebíamos qualquer atualização de usuário nos farmvilles da vida e nem sequer podíamos vetar tal informação…

    3) Concordo com relação às amizades porém venho de uma geração anterior… nesse sentido, principalmente no Orkut pude reencontrar várias pessoas do passado que havia perdido contato… outras tanto que não tinha tanta amizade acabei por reforçar a mesma nos reencontros que foram realizados… tenho inúmeros casos onde várias pessoas do meu passado se tornaram pessoas muito interessantes e com muitos interesses em comum. Preferia analisar melhor para ver o comportamento das pessoas que já nasceram com a internet e que criaram suas relações de amizades a partir da WEB… embora eu pessoalmente não compartilhe desse tipo de amizade não posso negar , mais uma vez, que o interesse em comum por um grupo musical ou um clube de futebol tenham tornado grandes amigos pessoas que sem a internet e sem a s redes sociais jamais teriam se conhecido…

    4) A pressão social de rede realmente existe e imagino que é ainda pior para os mais jovens que estão totalmente inseridos nessa nova modalidade de consumismo. Há padronização é algo inerente a sociedade mas a internet acabou com o seu gueto, independente do local onde a pessoa vive ela está exposta a todo tipo de conteúdo….somado ao círculo de amizades reais e virtuais mas principalmente somado ao “estímulo de consumo globalizado” qualquer pessoa se sente obrigada a ver ou fazer aquilo que está sendo induzido pela internet… não é por acaso que temas como bullying e sexting são discutidos nesse momento!
    Relembro ainda que os MBAs nos últimos anos se apropriaram de conceitos como “Globalization”, “Ecosystem” e mais recentemente temos o “Egosystem”… justamente o fenômeno visto na internet onde “cada um quer mostrar pra todo mundo” o que está fazendo, lendo, vendo, CONSUMINDO!

    5) Sobre pessoas de 30 anos sequer namorarem… curiosamente li recentemente que esse seria o tema de mais um reality show onde a mãe de uma rapaz de 31 anos de idade tentaria achar pela TV a primeira namorada para o flho dele…

    6) A questão da mentalidade entendo que pode ser vista de maneira mais abrangente… se hoje o público de maior poder de consumo se concentra na faixa de 30 a 40 anos de idade e se essa geração já jogava videogame e começou a usar a internet na faculdade é natural que tudo que seja feito para o mercado consumidor se concentre nessa faixa… por isso temos pais que compram videogames e jogam com os filhos ou mesmo sozinhos…natural que esses sejam os objetos de desejo e não um whisky ou charuto caro, um evento de música erudita ou exposições de Arte da Renascença, pois uma exposição com cunho mais moderninho garanto que será bem visitada.
    Complementar a isso é só olharmos para os habitantes do vale do silício, pessoas que foram pinçadas das Faculdades, com idéias geniais e que ganharam dinheiro muito rápido…se temos no Google ou no Facebook muitas pessoas jovens porque esperaríamos algo “mais maduro” da parte deles? Podemos ir mais longe e lembrarmos que a própria Microsoft tinha um rapazinho bem novo e nerd como um dos líderes da empresa…. parece óbvio portanto que o pensamento e necessidades mais adolescents passem a reger esse mundinho virtual…

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  22. o lanier tem um texto chamado Digital Maoism, que trata dessa discussão entre o conhecimento "das massas" e a opinião do individuo. eu recomendo. está em http://www.edge.org/3rd_culture/lanier06/lanier06… (e tem respostas de digeratis).

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  23. […] ainda ser a mola mestra das grandes invenções da humanidade (conforme Jaron lanier nos mostra em Você não é um aplicativo), o historiador acredita que as próximas tecnologias surgirão cada vez mais de equipes não […]

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  24. […] ponto, o discurso de Freeman lembra muito o do Jaron Lanier, autor de “Você não é um aplicativo” – nós é que devemos moldar as tecnologias, e não o […]

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  25. […] Gadget – Você não é um aplicativo, de Jaron Lanier (248 páginas/Editora Saraiva) Boas críticas à internet são bem vindas. Jaron […]

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  26. Tiago, parabéns pelo comentário e indicação. Realmente, há uma necessidade de o usuário ter maior controle da rede. Por outro lado, é preciso manter a pluralidade e o volume da opiniões dos individuos, mas como ter ferramentas para isso sem avançar alguns passos rumos à quebra da privacidade? De qualquer forma, a padronização leva a situações como essas mesmo, sempre levou e é natural que seja assim. Mas o importante é –e daí o o livro é legal — fazer um antigo alerta: quem está no comando deve ser o usuário, embora hoje em dia ele pouco se lembre disso. Abs

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  27. […] ponto a crítica de Turkle remete a de Jaron Lanier, que, no livro “Nós não somos aplicativos”, dispara que, além de reduzir a nossa noção de amizade, as plataformas de redes sociais […]

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  28. […] ponto a crítica de Turkle remete a de Jaron Lanier, que, no livro “Você não é um aplicativo”, dispara que, além de reduzir a nossa noção de amizade, as plataformas de redes sociais […]

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  29. […] cada vez mais dinâmico da cultura web. Recomendo em especial a leitura destes posts: Por uma internet mais humana,Chatroulette nos tira da zona de conforto, Arte de criar e transmitir boatos e Cinco […]

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