Ciberativismo de butique

Apesar de toda a expectativa criada em torno deles, os chamados nativos digitais são os mais superficiais quando o assunto é ativismo online. É o que mostra a última edição da Economist.

A matéria baseia-se numa pesquisa recente da Pew Internet que revela que a maioria dos jovens entre 18 e 24 anos realiza um tipo de “ativismo online superficial”, apoiado mais em atitudes que não vão além de se cadastrar em comunidades ligadas a grandes causas.

Segundo o estudo, os jovens são os menos suscetíveis a fazer doações políticas online, por exemplo. Ao se cadastrar em uma comunidade ligada a uma causa no Facebook, existe um desejo maior de exibir seu ativismo aos amigos (mais como uma forma de construção de identidade) do que realmente se engajar de forma prática.

Não é a primeira vez que o “ativismo online” das novas gerações é criticado. Em sua coluna na Foreign Policy, o pesquisador Evgeny Morozov, especialista na relação entre política e internet, gosta de provocar ao afirmar que não é se cadastrando em comunidades online a favor da liberdade no Irã e na China que a democracia vai surgir de forma mágica nesses países.

Por enquanto, é muito barulho para pouco resultado. Será?

Veja também: Eles estão cada vez mais desconectados

20 respostas para “Ciberativismo de butique”.

  1. Acho normal essa atitude, para alguns jovens essas causas servem mais para construir uma identidade, igual a andar com uma camiseta com dizeres políticos por aí sem saber direito o que é.

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  2. o problema é que a camiseta custa caro

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  3. acho que é injusto com os processos históricos. ruim com eles, pior sem eles. bom saber que tem alguém ali.

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  4. Concordo com o post!
    Jean Baudrillard, um dos teóricos críticos da rede, já disse que ela desmobiliza as pessoas para a atuação na vida de fato.
    não é difícil entender essa afirmação, muitos internautas se acham realmente engajados pelo simples fato de colaborar com “comentários” redes sociais.

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  5. Essa é uma tendência já prevista por Maffesolli. O neotribalismo. Como diriam os tribalistas: “Não querem ter certeza. Não querem ter juízo, nem religião.”

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  6. Concordo com o post. Sou criador de uma “net-ONG”, que teve sua atuação iniciada em dezembro, a Rede do Bem (http://rededobem09.blogspot.com/). Por enquanto é pequena, claro. Mas foi um custo conseguir arrecadações para comprar apenas 60 cestas básicas. Vamos ver agora na Páscoa se a coisa melhora. Muita falação e pouca atitude.

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  7. Eu fiquei um tempo com o ciberativismo online, via greenPeace, via WWF, PETA vegetarianismo e adoções.
    tendo uma estabilidade financeira eu ajudo mensalmente alguma dessas instituições….
    um exemplo dos modistas é essa “claudiacb” (me corrija se estiver errado) 20 reais por mês naum mata ninguem e ajuda a previnir…. se ela deixar de comprar algo, deixar de sair na noite consegue tranquilamente comprar uma camiseta, ajudar mensalmente e por aih vai…

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  8. Avatar de Xenya Bucchioni
    Xenya Bucchioni

    Acho que ativismo online não deve se reduzir à questão financeira, a doar uma grana por uma causa x, y ou z. Quanto aos teóricos em questão, eu os aprecio bastante, mas não dá para utiliza-los como exemplos universais. Entre as formas de ativismo online, organizações e redes há infinitas variações, propostas, etc. Exemplo: pequenas comunidades quilombolas ou organizações indígenas que se organizam em rede exercem uma forma de ativismo da maneira que podem, com os recursos que têm, mas, ao mesmo tempo, no interior dessa dinâmica, também, trabalham as noções de identidade. Num primeiro olhar pode parecer tosco o trabalho de ativismo que mobilizam, mas não podemos negar a importância do trabalho de auto-reconhecimento existente nessa forma de ativismo. Com isto, quero dizer que para tratar desse assunto é preciso saber quem fala, de onde fala, com quais interesses e com qual propriedade. Caso contrário corremos o risco dos determinismos tecnológicos…de achar que a tecnologia, por si só, despolitiza as pessoas.

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  9. Talvez o problema não seja nem ter ou não o dinheiro para doações. É a falta de interesse mesmo. Desde sempre as comunidades do orkut, pot exemplo, servem mais como selos para o perfil do que para discussão. Pq assim, a forma de se fazer cyberativismo não é só doando dinheiro. Você pode ter um blog que aborde o assunto, desenvolver programam em código aberto, softwares livres…

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  10. […] de butique By grego Post muito bom deste blog. Complementa o que eu escrevi um tempo atrás […]

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  11. Engajamento virtual é ilusão. Na hora do vamos ver, só as torcidas uniformizadas que combinam brigas é que aparecem. Se é para uma “causa” nobre, só meia dúzia de gatos pingados. É ilusão!

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  12. Concorde-mos que hoje em dia, o ativismo online realmente não passa de uma automostragem que visa apenas desenhar uma identidade, socialmente falando, como disse nosso amigo acima, porém convenhamos que não são todos que pensam em agir dessa forma, eu, por exemplo, concordei com boa parte do que o Tiago disse, mais eu sou uma ativista, participo de diversas comunidades em redes sociais sim, sempre que puder eu ajudo, quando vejo animais na rua, pessoas necessitadas, faço doações, pequenas mas faço, pois não tenho renda própria ainda, sou menor de idade, mesmo sabendo que a sociedade em geral não precisar de dinheiro, fato, mais sim de CORAGEM, RESPEITO E COMPAIXÃO, não como Fast-Foods em hipótese alguma pois acho uma TOTAL FALTA DE IRRACINALIDADE DAQUELE QUE SE JULGA SUPERIOR, EM COMER ALGO MERAMENTE ARTIFICIAL, COM CARNE, SEJA ELA DE QUAL ORIGEM FOR, MANUSEADA SEM QUALQUER EMBASAMENTO DE REGRAS E LEIS, MALTRATANDO OS ANIMAIS; acredito que isso seja SIM um ato ativista que não se limita apenas a imagem contextualmente social. Quando digo para meu pai que gostaria muito de ter vivido na época em que estudantes e até a população em geral iam as ruas protestar, reivindicar direitos, entre outros, ele me olha virado, como se estivesse me levando a desistência em pensar dessa forma. Voltemos um pouco na história, na época em que o povo, mundialmente falando, era apenas uma peça de engrenagem e que “não servia pra nada”, a chamada revolução industrial, que mesmo sendo uma época “dura”, tinha seus protestantes ATIVOS. ATIVISTAS NÃO SE DELINEIAM SOMENTE NAS QUESTÕES AMBIENTAIS, HUMANAS OU POLÍTICAS, MAIS SIM EM QUALQUER QUESITO QUE ESTEJA SENDO APLICADO INCORRETAMENTE OU INDEVIDAMENTE EM NOSSO DIA A DIA!
    E AQUELES QUE SE JULGAM SATISFEITOS COM TUDO ISSO, DESIGNAREMO-OS UM NOME TOTALMENTE FAMILIAR, QUE SE APLICA A FRASE: SALVE OS IGNORÂNTES TOLOS, FILHOS DO CAPITALISMO INFLUENCIÁVEL.

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  13. ativismo de boutique é sinônimo de esquerda festiva?

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  14. a Internet tem seu valor como meio de informacao. Este valor se justifica quando alguem ao se identificar com determinada causa passa a procurar informacoes sobre esta. Ha uma geracao de conscientizacao.

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  15. É típico de uma geração que discute ecologia enquanto come uma pizza preparada em forno a lenha

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  16. É engraçado (e perverso) como ser “ativista” na matéria é simplesmente fazer contribuições monetárias para alguma ONG quando já está mais que óbvio o quanto elas foram absorvidas por uma lógica capitalista… a grande pergunta que fariamos é: o que é de fato ser ativista? O quanto dessas pseudoorganizações não fazem apenas a manutenção da crítica? Quanto tempo perdemos nessas discussões e patrulhamento de ideologias (como agora)?

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  17. não há nada de novo: há tempos os movimentos sociais denunciam o “slacktivism” (comunidades no facebook, ipetitions, e-ribbons, etc, são apenas um dos sintomas da espetacularização da esfera da política na internet)

    mas há um confusão aí na análise: o discurso ongueiro não tem nada de ativismo político, nada mais é que a mesma tentativa de “desencargo de consciência” que há hoje na internet. É totalmente diferente participar de um movimento político legítimo como o MST (levando paulada de todo mundo) e participar de uma brincadeira de jardim de infância como estes grupos ligados ao “desenvolvimento sustentável” (nem mesmo o greenpeace é hoje o que era há vinte anos).

    No fundo, dá na mesma.

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  18. A partir do momento em que um jovem, ou uma jovem, cadastra-se em um site, participa de uma mob, assina uma petição online… está trabalhando intelectualmente pela mudança desejada. ‘A propaganda é a alma do negócio’. Vivemos no olho de uma revolução, podem esquecer o fordimo da Revolução Industrial. A Revolução Tecnológica está mudando a forma que vemos o mundo, uma consciencia coletiva já da seus primeiros passos. O mundo jamais será o mesmo, quem não se adaptar, em 20 ou 30 anos, se verá isolado digitalmente. Neste futuro próximo, que ficar isolado no ciberespaço estará também fora dos negócios. A terceira visão está bem aí, na cara, conecte-se e seja feliz.

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  19. As informações trazidas no texto são verídicas – digo isso por experiência própria. Em princípio, meu ciberativismo se limitou, de fato, a me cadastrar em site relacionado. No entanto, as discussões que se propalam são de interesse geral, de maneira que se torna inevitável a criação de uma consciência crítica e de uma participação minimamente efetiva, com o intuito de exercer a vida política na forma como os tempos modernos nos permitem. Mas seja como for, o simples fato de se agregar a essas comunidades não é o bastante; tenho notado discussões marcadas por demasiada alienação, ausência de qualquer análise individual. E isso é, igualmente, preocupante.

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