Em 3 meses, site consegue apenas 35 assinantes

Está causando burburinho nos blogs gringos de mídia a informação de que o “paredão de conteúdo pago” do jornal novaiorquino Newsday não funcionou. Em 3 meses, logo após aplicar o sistema de cobrança, o site do jornal conseguiu apenas 35 assinantes.

A pergunta imediata é – o suposto fracasso do Newsday seria um alerta para o NYTimes, que pretende adotar um modelo de cobrança em 2011? A priori, eu acredito que não.

Primeiro, o modelo de cobrança que o NYTimes quer aplicar é diferente do Newsday.

Não fecha o conteúdo. O NYTimes, na realidade, segmenta a audiência de acordo com a “fidelidade” e o “valor” que cada um dá às informações do jornal. Deixa de tratar igual os desiguais. A partir disso, gera receita.

Quem usa mais paga mais, mesmo modelo que a Google aplica no Gmail e no Google Apps.

Segundo, um ponto importante. Diferente do NYTimes, o Newsday é apenas pedaço de uma operação multimídia maior, que é a Cablevision, dona do jornal. Usuários do serviço de internet da Cablevision já são automaticamente assinantes do Newsday e, claro, não entraram nessa estatística de 35 assinantes em 3 meses.

Enfim, não dá para comparar o modelo do Newsday com o que o NYTimes pretende adotar.

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Você pagaria 10 reais por mês para acessar um site?

12 respostas para “Em 3 meses, site consegue apenas 35 assinantes”.

  1. Mesmo chegando a conclusão que o modelo do Newsday é diferente do modelo que NYTimes. Ainda ficou em dúvida se poderá dar certo ou não, limitar as notícias irá influência diretamenta nos views.

    A comparação com o Gmail, questionável. Gmail é tipo 7GB, é algo sobrenatural. Seria possível essa comparação se no caso o Gmail limitasse a quantidade de e-mail enviados, assim como será o modelo do NYTimes, quantidade de noticias lidas.

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    1. @Alan David

      Acredito que o impacto não será tão grande, partindo do pressuposto que muito do tráfego vem de leitores casuais que leem uma ou duas matérias e vão embora, esse tipo de leitor não será afetado pelo sistema de cobrança. Em relação ao Gmail, faz sentido a associação, já que a Google cobra por maior capacidade de armazenamento, mais uso, e não por envio de mensagens.

      Para a Google quem mais usa é quem utiliza maior capacidade de armazenamento e não envio. Na versão paga e gratuita do Gmail, a Google não cobra nem limita o envio, mas a capacidade sim (existe um limite, mas é por questão de segurança, para evitar spammers). Aliás, a inspiração do modelo do NYTimes sofre influência do Hal Varian, que é o economista-chefe da Google.

      No link, Nicholas Carr explica melhor essa semelhança de modelos entre Google e NYTimes http://www.roughtype.com/archives/2010/01/jeff_jarviss_co.php

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  2. Ótima análise como sempre.

    Sem falar que o conteúdo do NewsDay é bem fraco perto do The New York Times

    []`s

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  3. Num mundo tão rápido e globalizado, acredito que essa atitude deva realmente enterrar os jornais, já que a migração do papel para as telas de computador será inevitável. A busca por recursos deve seguir outro caminho, preservando sempre o leitor em sua condição de assinante. Quais os critérios para uma ação dessas? O valor é correspondente ao valor de uma assinatura? O leitor tem alguma vantagem em assinar além do acesso ao conteúdo? Como seguimentar os acessos do leitor, já que um jornal (papel) oferece diversos cadernos, mesmo que o leitor busque apenas o resultado lotérico? Não creio que seja a melhor opção para sanar o caixa da empresa, mas um erro de estratégia.
    E para fechar o assunto, porque os jornais não abrem mais espaço para a publicidade, acordos financeiros com empresas que utilizam seus espaços e diversas outras opções sem mexer diretamente com o principal interessado no jornal (web ou não), o leitor…

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  4. NA NET TUDO TEM QUE SER GRATUITO:
    NÃO É APENAS UM SITE QUE VC VISITA, NO FIM, VAI PESAR…
    OS OPORTUNISTAS ESTÃO QUERENDO APLICAR, LOGO, LOGO A NET VAI VIRAR UMA TV ABERTA, UMA DROGA…

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  5. Nem tudo que se cria da certo, mas vale a pena tentar…

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  6. conseguiram 35 “assinantes”? ou obrigaram aos funcionários a assinar o conteúdo online?
    .
    .
    Não acredito que exista alguém hoje na Terra com “inteligencia”, ou falta dela, para assinar uma coisa dessas!
    .
    .
    A informação deve ter livre acesso para evolução da humanidade!
    .
    .
    Seja livre, Use Linux!

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  7. Na velocidade das coisas no mundo presente, com todas as mudanças que vem pela frente

    Querer cobrar por conteúdo livre, e querer ganhar duplamente, uma na real outra na moleza virtual

    Quem paga os conteúdos, são os patrocinadores que não vão patrocinar um acesso pago, se tudo esta livre

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  8. Eu pagaria por uma questão simples: demanda tempo e muito esforço para estudar e se preparar para ser um profissional capaz de escrever e publicar bem; demanda tempo e esforço preparar as notícias; demanda tempo e esforço manter a infrastrutura e servidores no ar. E tudo isso precisa ser administrado e gerar lucro para os acionistas, que de outro modo investiram o dinheiro que permite a estas coisas existir em outro lugar.

    É apenas natural que se pague – não há almoço grátis.

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  9. Ótima análise!

    Me coube apenas uma pergunta:

    -Por quê pagar a um jornal para ver notícias que estão livres em qualquer lugar?
    Seria por conta de comentários e assuntos de colunistas?

    Não vejo o por que de comprar uma assinatura de jornal via web, é ilógico.
    Tudo bem que a um exemplo no Brasil, citando, a Folha de São Paulo, está conseguindo este feito. Mas ainda acredito que o melhor de ter um jornal, é sentir o cheiro da impresão!

    Grato pelo espaço.

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    1. @Diego Costa

      Obrigado, Diego.
      Num primeiro momento, não faz sentido mesmo.
      Mas a ideia do NYTimes é cobrar do leitor mais fiel, que, de qualquer forma, vai pagar pelo jornal, mesmo que o conteúdo esteja em outros lugares.

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  10. Eu estou muito cético em relação ao futuro do jornalismo.

    É claro que o jornalismo não irá morrer. A notícia sempre vai existir, mas cada vez mais observo que a função do jornalista perde o seu valor diante da gratuidade da informação na web.

    Todos querem consumir informação gratuitamente, mas não levam em consideração o trabalho que se tem na produção de uma notícia bem apurada.

    Que o futuro da mídia impressa, já está decretado, isso está! É questão de tempo para ter sua falência executada totalmente.

    As empresas jornalisticas (mídia impressa e on line) terão de queimar muitos neurônios para encontrar uma solução para continuar existindo, pois até a publicidade está mais pulverizada. Taí as mídias sociais que não deixam mentir essa constatação.

    O futuro sabemos que é a web, isso é fato, mas como a cultura da gratuidade está mais do que dissiminada no mundo virtual, a realidade vindoura para este segmento profissional se torna cada vez mais instável.

    E para completar essa visão apocalíptica, a desobrigatoriedade do diploma banalizou totalmente a função do jornalista. Agora qualquer um pode ser, principalmente na web…

    Desculpem-me pelo pessimismo, mas não consigo ver um futuro cor de rosa para o jornalismo…

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