Até onde vai o "Google News pago"

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A Google anunciou nova política que restringirá o acesso gratuito a notícias. Os jornais que adotam a estratégia de conteúdo pago terão a possibilidade de permitir a leitura de apenas 5 artigos por dia de usuários que cheguem aos seus sites via Google News.

A iniciativa partiu da própria Google após sofrer pressão de editores de jornais. Há 3 semanas, Rupert Murdoch anunciou que impediria o Google de indexar o conteúdo de seus jornais. Rumores indicavam que ele fecharia um acordo de exclusividade com o Bing, buscador da Microsoft.

Nos comentários aqui, do blog, o Bruno levantou questão parecida, de que Murdoch, na verdade, estaria fazendo cena, pressão para forçar algum tipo de acordo com a Google.

Na realidade, o que aconteceu foi uma modificação na política do Google News. Desde 2008, a empresa de busca oferece para jornais que trabalham com conteúdo pago a opção do “First Click Free“, que abre a possibilidade para que o usuário veja uma parte de seu conteúdo restrito.

Mesmo que estejam debaixo da “parede de conteúdo pago”, artigos acessados via Google News podem ser vistos na íntegra, mas, no caso do usuário clicar em outra matéria, ele é redirecionado para uma página onde tem que fazer um login. Ou seja, apenas o primeiro clique é grátis.

O que acontece é que parte dos usuários estava abusando dessa regra. Devido ao Google News gerar automaticamente um “link gratuito” para o site com conteúdo pago, usuários pegavam uma manchete do jornal, colavam na busca de notícias do Google e assim acessavam outra matéria do jornal, além da que tinham lido antes. Uma forma de burlar o “First Click Free“.

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O que a Google fez agora é oferecer aos jornais que trabalham com acesso pago a possibilidade de restringir a 5 artigos/dia por usuário que chega via mecanismo de busca; como consequência, não funcionará mais essa tática de recortar e colocar manchete no Google News para acessar no mesmo dia várias matérias de um jornal que adota o “First Click Free“.

Ou seja, a alteração afetará os jornais que já restrigem o acesso, que adotam o modelo de conteúdo pago, sendo que essa restrição vai acontecer dentro dos sites de jornais e não durante a navegação no Google News.

Para os jornais que não adotam o “First Click Free“, oferecem acesso gratuito, não importa a quantidade de cliques ou acessos, tudo continua na mesma. Acesso irrestrito ao seu conteúdo.

O que pode acontecer é que essa alteração do Google News incentive mais sites, principalmente os de nicho e que têm acesso restrito, a disponibilizarem o seu conteúdo, pois agora há a possibilidade mais clara de ficar visível para as buscas, fornecer uma prévia aos usuários, mas sem perder a possibilidade de cobrar pelo seu acesso, importante fonte de receita para este tipo de site.

Porém, para mim, essa modificação mostra algo maior, que os jornais têm poder de barganha para negociar com a Google. Para a empresa de busca interessa ter o conteúdo dos jornais em seu index. E, nesta semana, eles conseguiram forçar alterações na política do Google News.

Veja também:
Minha opinião sobre a Declaração de Hamburgo

Crédito da foto: scott_henderson

6 respostas para “Até onde vai o "Google News pago"”.

  1. A solução do Rupert Murdoch é quase a mesma adotada pelo pessoal do Valor Econômico, o principal jornal de negócios do Brasil.

    Os conteúdo do Valor não aparece no Google News, com a diferença de que o jornal não negociou a liberação do conteúdo com nenhum outro buscador (ainda).

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    1. @Helcio

      Obrigado!

      abs

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  2. […] Veja também: Até onde vai o “Google News pago” […]

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  3. […] de busca for obrigada a fechar diversas parcerias com produtores de conteúdo que tenham mais poder de barganha para negociação. A Google já tem atualmente acordos com algumas agências de notícias, o que a […]

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  4. […] O que faz sentido, mas por outro lado, essa possibilidade de gerar “links gratuitos” pode ser utilizada como uma forma de burlar o sistema de cobrança, igual ao que aconteceu com o Google News, no ano passado, em seu sistema “First Click Free“. […]

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