Contra os sites "burros" de notícias

Nick Bilton

Infelizmente neste ano não consegui acompanhar a Pop!Tech. Acompanhei somente via streaming a apresentação de Nick Bilton, profissional que admiro bastante, pois temos uma visão em comum – os atuais sites de notícias são “burros”.

A ideia é bem simples. A maioria dos sites de notícias não sabe as nossas preferências nem o que acabamos de ler. Pior ainda, as suas plataformas não se falam.

Se eu acesso um site no celular no caminho para o trabalho e depois acesso o mesmo no desktop, no escritório, ele não sabe quais notícias já li, repete as mesmas matérias e manchetes, o que gera redundância, resultante da falta de integração e “inteligência” entre as plataformas.

Se eu estou num aeroporto, o site mobile deveria deixar em destaque notícias sobre voos e condições do tempo. Se eu estou em trânsito, o site deveria destacar mais notícias sobre tráfego e, quem sabe, ditar as notícias, já que estou com as mãos no volante e não posso ler.

Enfim, o conteúdo deveria se adaptar ao dispositivo, à ocasião e à localização do usuário. Bilton chama isso de “conteúdo inteligente“.

Eu acho que seria mais sobre “plataformas inteligentes”.

Hoje temos tecnologias de sensores, de localização. Durante a navegação, muito se recolhe a respeito de informações sobre os usuários, porém isso ainda se reflete muito pouco na experiência do usuário, do ponto de vista de exibição e mesclagem de conteúdo jornalístico.

Não sei quanto a Bilton (nunca tive a oportunidade de falar isso com ele), mas acredito que o próximo grande passo dos sites de notícias e jornais não é colocar o seu conteúdo acessível em diversas plataformas, mas seguir por esse caminho, adicionar “inteligência” a essas plataformas.

Ser multiplataforma, portanto, não seria mais novidade para os grandes sites de notícias. O próximo degrau seria ter plataformas que se falassem, que aprendessem com a nossa navegação. Em suma, “plataformas inteligentes” de jornalismo.

No final das contas, o que os sites de notícias ofereceriam não seria notícias, mas esse “conteúdo inteligente”.

Para encerrar, foi citado um caso que não conhecia. Publick Occurrences, considerado o primeiro jornal na América, vinha com a última folha em branco, para que o leitor pudesse escrever algo quando passasse o jornal para frente, para outra pessoa ler.

Ou seja, já havia um senso de conversação e “interatividade” na mídia impressa. Isso em 1690. Imagina se na época eles tivessem lido o livro do Picciarelli.

Veja também:
Uso multimídia do celular cresce no Brasil

Crédito da foto: kris krüg

14 respostas para “Contra os sites "burros" de notícias”.

  1. Vc conhece o http://outside.in? Vai nessa linha de “smart content”.

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    1. @Ana

      Eu citei o site há algum tempo aqui, no blog http://www.tiagodoria.com.br/coluna/2008/06/20/site-monta-lifestream-do-que-acontece-ao-seu-lado.
      Ainda é muito “mecânico”, mas tem um trabalho de agregar conteúdo local muito bom.

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  2. O problema não é tecnologia, que já existe. Um dos problemas são os custos agregados que os grandes portais encontrarão para implementar este tipo de tecnologia, além de como montar um plano de vendas deste tipo de produto, uma vez que o leque de opções irá aumentar de tal maneira que pode haver uma diminuição no valor geral da propaganda. Ai teríamos um desafio interessante entre expansão tecnológica sem garantias de retorno. Lembramos que muitas das mash-ups que existem no mercado tem uma super-valorização das marcas no inicio das atividades, porém não geram o necessário em receita para sua sustentabilidade após um ciclo de vida curto. Achar o ponto de equilíbrio dentro deste cenário será um desafio enorme para grandes portais trabalharem a curto prazo estas plataformas.

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  3. Sinceramente, eu não sei até onde isso vai parar. A única coisa que tenho consciência é que o jornalismo nunca irá esgotar as formar de contar histórias e de forma de sempre agradar o leitor. Assim, será com o conteúdo inteligente ou com os jogos de notícias. Hoje o jornalismo é muito mais do que escrever um texto ou produzir um áudio ou vídeo.

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  4. Olá,

    Vi uma matéria sobre um sistema brazuca FREE que ajuda veículos a entenderem os usuários (sem cadastro) e personalizar conteúdo de forma fácil e sem custo extra de processamento, o nome é Navegg ( http://www.navegg.com).

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    1. @Renato

      Sim, eu conheci o trabalho da Navegg, no concurso da FGV/Intel.
      É interessante também.

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  5. […] a questão do “conteúdo inteligente” terá ainda mais importância. Aposto no futuro […]

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  6. […] E para o futuro das redes sociais, o relatório prevê “plataformas inteligentes” e a dobradinha mobile e geolocalização […]

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  7. […] E para o futuro das redes sociais, o relatório prevê “plataformas inteligentes” e a dobradinha mobile e geolocalização […]

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  8. […] ao mesmo tempo para contar uma história. No entanto, as plataformas são utilizadas de “forma inteligente“, sincronizadas, sem cair na redundância de conteúdo e com alto índice de participação […]

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  9. […] juntarmos isso a ideia de “plataformas inteligentes“, vemos que muita coisa pode vir por […]

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  10. […] teremos serviços precisos de entrega de informação personalizada, que forneçam experiências realmente “inteligentes” com o […]

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  11. […] A ideia é sempre olhar para o futuro. Um dos principais projetos é o Custom Times, versão experimental do NYTimes que trabalha com o conceito de conteúdo inteligente. […]

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  12. […] também estar olhando um pouco mais a frente. Atualmente, os dispositivos móveis já atuam como editores de informação, influenciando o conteúdo que consumimos de acordo com o tipo de ambiente em que […]

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