Quando eu participei do encontro Palavra na Tela, promovido pelo Digestivo Cultural, em junho deste ano, falei que as pessoas, pelo menos as que estão há mais tempo dentro dessa dinâmica da internet, estão aprendendo a equilibrar melhor as coisas.
Não ficam tanto tempo conectadas no Twitter, não caem tanto no fetiche da velocidade da comunicação, têm uma presença digital importante, porém mais discreta e equilibrada.
Apesar dessa diferença estar tênue, as pessoas estão sabendo equilibrar melhor o tempo entre o que se convencionou chamar de “vida online” e de “vida offilne”. Fiz essa afirmação sem qualquer base científica, mais na observação das pessoas próximas, conforme comentei na época.
Lembrei disso ao ler o texto desta semana de Jose Antonio Vargas, editor do Huffington Post Tech (para mim, atualmente a melhor editoria de tecnologia, voltada mais para análise e não tanto gadgets).
Vargas começa o texto afirmando que nós devemos nos desconectar. Nada de Twitter, checar emails no celular a cada 10 minutos ou atualizar o perfil do Facebook a toda hora. Nesse contexto, o jornalista perguntou a pessoas conhecidas na área de web como elas fazem para se desconectar.
Todas têm o seu momento em que ficam desligadas da “vida digital”. Biz Stone, cofundador do Twitter, por exemplo, aproveita para correr, pintar e ajudar a esposa. Peter Rojas, criador do blog Engadget, por sua vez, fica com o filho e cozinha um pouco. A maioria vai ler um livro.
Esse texto serve de fundo para outro, escrito por Arianna Huffington na estréia do HuffPostClub, espécie de clube de leituras do Huffington Post. Logo de início, na estréia, ela recomenda a leitura de In Praise of Slowness: Challenging the Cult of Speed, livro em que o jornalista Carl Honoré faz um histórico da cultura da velocidade, sobre quando começou esse nosso fascínio pela velocidade (no Brasil, o livro tem o nome de capa de Devagar).
Arianna acredita que muitos dos problemas atuais (principalmente a crise de 2008 nos mercados), em parte, podem ser resultados desse nosso fetiche pela velocidade. Contudo, o discurso não é para fazer as coisas mais lentas ou mais rápidas, mas ter uma existência mais equilibrada.
Em tempos de Twitter quase monopolizando a atenção, acho interessante acompanhar esse crescente movimento contra a vida “em tempo real”. Pensamento parecido ao do movimento “slow food“ e a favor de uma vida mais interpessoal e menos fascinada pela velocidade.
Neste mês, será lançado “A Tirania do email“, de John Freeman, livro que também vai nessa linha e ajudará a alimentar os argumentos dos que defendem uma vida mais equilibrada. Um tipo crescente de pensamento e reação que, hoje em dia, faz todo sentido.
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Crédito da foto: jsawki

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