Os melhores comentários serão valorizados

Falando de comentários nos últimos dias, e, nesta semana, a Gawker Media lançou uma nova política para os comentários de seus blogs.

Comentaristas mais antigos e que publiquem comentários inteligentes, bem humorados e que realmente acrescentem algo ao conteúdo do blog, segundo os critérios dos blogs da Gawker, terão destaque na caixa de comentários, aparecerão em primeiro na lista de comentários.

Além disso, poderão ganhar o status de moderadores. A intenção é melhorar a qualidade dos comentários, ao valorizar aqueles que comentam melhor, são mais ativos, e afugentar os trolls e pessoas que fazem interpretações totalmente sem contexto.

A Gawker Media, dessa forma, levanta a bandeira da qualidade e não da quantidade.

Tomara que isso sirva de lição para os sites de notícias pensarem melhor em para que servem os comentários. Para apenas inflar a audiência? Parece que sim, tanto que a maioria não tem qualquer tipo de moderação dos comentários. Preferem ter muitos comentários a poucos e bons comentários.

Se você modera, alguns comentários acabam não indo ao ar. A priori, perde audiência (alguns pageviews), mas tem a possibilidade de realmente ter um ambiente de debates relevantes e que acrescente informações ao conteúdo publicado.

Veja também:
Todas as reações e comentários em um único lugar

Tiago Doria

17/07/2009

blogging

blog, blogging, comentarios, gawkermedia

21 respostas para “Os melhores comentários serão valorizados”.

Bruno

julho 17, 2009 at 4:03 pm

Esse lance de comentários foi a melhor coisa que surgiu para os portais. Uma chance de engordar os números da audiência sem nenhum esforço…

Acho muito dificil eles adotarem alguma política de moderação.

[]`s

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1. Tiago Doria
  
  julho 17, 2009 at 4:46 pm
  
  @Bruno
  
  Existem portais e portais, blogs e blogs, mas a impressão que passa é essa mesma. Outro dia peguei em uma dessas caixas de comentários diversas tentativas de phishing scam, outro pedindo para ligar para tal número de celular, passar dados pessoais e concorrer a prêmios.
  
  Enfim, se existisse uma preocupação de usar o espaço dos comentários para o que ele foi proposto mesmo desde o início (um ambiente de debate, contextualizar e acrescentar informações), não deixariam esse tipo de mensagem ir ao ar.
  
  abs
  
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Tiago Ferreira da Silva

julho 17, 2009 at 4:11 pm

Tiago (xará!),

Acho que o âmbito internet para a maioria dos internautas ainda está associado a um terreno de auto-depreciação, de algo individualista que põe em xeque a seguinte questão: eu quero ser popular, ser visualizado no mundo inteiro, e adquirir visibilidade para minha página.

E o que acaba comprovando essa retórica é a quantidade de comentários indexada em cada postagem.

Não sei dizer se isso é uma herança do orkut, onde vejo milhares de profiles com mais de 10.000 recados, como que se quisesse deixar claro para o visitante da página que sua página é bem requisitada e bem vista pelos usuários; e com essa dita ‘popularidade’, talvez angariar novos internautas para sua página.

E isso trava o debate humanista acerca dos possíveis assuntos, dos possíveis levantamentos que o moderador pode travar. E, claro, isso prejudica o rótulo de vermos a internet como um ‘mio intelectual’. Vendo por esse lado, não passa de um ambiente de ‘cativação de leitores’ para satisfazer a si próprio; e não um ambiente onde o debate intelectual é a prioridade.

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1. Tiago Doria
  
  julho 17, 2009 at 4:24 pm
  
  @Tiago Ferreira da Silva
  
  Concordo com você, Tiago. Essa “cultura de corrida pelo Ibope” é muito forte na web. Parece até TV. Mostrar que tem muitos comentários, muitos seguidores no Twitter, amigos no Orkut, correr atrás da tal “popularidade online”. E pior que eu acho a web um dos ambientes que mais facilita você trabalhar com foco na qualidade do que na quantidade. Poder trabalhar com nichos específicos.
  
  abs
  
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Ricardo Colasanto

julho 17, 2009 at 4:40 pm

Então Tiago, como o assunto é comentários gostaria de expor minha opinião:

Muitas vezes é chato você comentar sobre algo em blogs e portais e não ter retorno do criador dessa notícia. Claro que, muitas vezes, os comentários não merecem respostas mesmo!!(pegue como exemplo os blogs de futebol, quanta porcaria!!!). Assim, toda vez que vou comentar algo que acho interessante procuro ver se o autor respondeu a outros comentários. Esse debate(criador e audiência) é super valido e enriquece demais o assunto abordado!!

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1. Tiago Doria
  
  julho 17, 2009 at 4:51 pm
  
  @Ricardo Colasanto
  
  Responder aos comentários (quando necessário claro) é bem importante.
  É certo que às vezes existe o problema de tempo do autor para responder aos comentários.
  
  Mas lembro de uma frase do livro Blogging Heroes, que diz que um autor de blog deve dedicar 50% de seu tempo de trabalho a escrever novos posts. A outra metade deve ser utilizada para responder aos comentários dos posts anteriores. Acho que deve ser por aí mesmo.
  
  E o mesmo deve valer para jornalistas, para as reportagens publicadas online.
  
  abs
  
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Marina

julho 17, 2009 at 6:29 pm

…comentários são iguais a comunidade online …a hora que começa a crescer demais perde o rumo e a qualidade

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1. Tiago Doria
  
  julho 17, 2009 at 6:47 pm
  
  @Marina
  
  Se não me engano, uma época o BoingBoing tinha uma política de limitar o número de comentários a uma certa quantidade por post. Não tenho certeza. Preciso verificar.
  
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Gabriel Figueiredo

julho 17, 2009 at 6:51 pm

Thiago,

gostaria de pontuar um modelo de moderação de comentários que me parece se sobressair ao do exemplo que você citou: a intervenção dos próprios leitores. A proposta é usada por exemplo no Br-Linux, e me parece bem mais adequado quanto ao julgamento do que é mais interessante para o debate e mais eficiente tecnicamente para o gestor do blog.

Lá os leitores podem votar nos comentários e os votos possíveis se dividem em categorias: “Modere: [+] [-] [fora do tema] [desinformação] [troll/flame] [generalização ofensiva]”. A partir daí, comentários com muitos votos negativos ficam escondidos (com passibilidade de serem visualizados, clicando-se em um link no fim do post) e aqueles com muitos votos positivos ganham uma borda verde que os destaca dos demais.

Dessa forma, grandes threads ficam despoluídas, trolls são evitados e bons comentários ganham visibilidade, deixando ainda os comentários vetados ao alcance de um clique.

Lógico que há aí riscos próximos dos percebidos nas democracias participativas, em que tendências hegemônicas podem tentar silenciar minorias discordantes. Felizmente, no caso do Br-linux, que eu acompanho, não é o que acontece, apesar de no universo do software livre (tema do blog) ser comum encontrar certa dose de fanatismo.

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1. Tiago Doria
  
  julho 17, 2009 at 7:46 pm
  
  @Gabriel Figueiredo
  
  Esse modelo é bom. Já vi alguns blogs utilizando. Acho que o modelo ideal é esse, a automoderação, a moderação feita pela própria comunidade de leitores. Mas sempre existe um risco conforme você lembrou, de acabar silenciando minorias discordantes.
  
  abs
  
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marcus fidelis

julho 17, 2009 at 8:25 pm

Tiago, parabéns por levantar mais um tema importantíssimo.

Este problema não ocorre só nos blogs e sites de notícias. Fiz um curso à distância em que era necessário entrar no site num determinado período e comentar os textos lidos. Eram uns cem alunos e não havia moderação. Era a mesma coisa: quem entrava não lia o que tinha sido escrito antes (mesmo porque seria impossível) e o mesmo comentário era reproduzido ao infinito. Nada parecido a um diálogo. Fui professor 8 anos, era igual corrigir prova: todo mundo respondendo a mesma coisa.

A trajetória do blog do Noblat foi exemplar nisso. Quando começou, era uma experiência amadora, de um jonrnalista que tinha sido demitido do cargo principal do Correio Braziliense, que fazia marcação cerrada em relação ao governador do DF por perseguição política descarada. Tinha uns cinco comentários por post. Aí ele foi para o programa do Jô. De imediato passaram a dezenas, depois normalizou nuns dez, 15. Aí o Roberto Jefferson citou ele no depoimento à CPI dos Correios. As dezenas ficaram, ele foi para o Globo e acabou a discussão.

Essa experiência citada pelo Gabriel parece mesmo interessante, com o problema que ele relatou e com o qual você concordou. Isso realmente permitiria até que o editor do blogue dialogasse com seus leitores, como na recomendação que você citou. Eu fico imaginando, por exemplo, o Nassif. Mesmo em posts com menos de cem comentários, como ler? E quem se aventura a fazer um comentário pertinente, se não vai ser lido?

Por outro lado, um blogue que se diferencia pelo nível dos comentários é o do Frederico Vasconcelos, na Folha. A moderação que ele faz é o que de melhor eu conheço. Salvo engano, a audiência é de uns 4 mil visitantes diários, mas os comentários em cada post ficam normalmente abaixo da dezena, todos pertinentes. Mas se ele tivesse dezenas de comentaristas, ficaria impossível…

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1. Tiago Doria
  
  julho 18, 2009 at 10:19 am
  
  @marcus fidelis
  
  Bem interessante isso que você comentou sobre os blogs do Noblat e do Vasconcelos.
  
  abs
  
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Gabriel Figueiredo

julho 18, 2009 at 2:19 pm

“Eu fico imaginando, por exemplo, o Nassif. Mesmo em posts com menos de cem comentários, como ler? E quem se aventura a fazer um comentário pertinente, se não vai ser lido?”

Marcus,

alguns corajosos leem. No blog do Idelber Avelar, com média de algumas centenas de comentários, todos são lidos e boa parte deles – aqueles que se dirigem ao autor ou questionam o post – são respondidos. E vale ressaltar que o nível do debate é alto e que a moderação é quase inexistente. Mas convenhamos que o Idelber é exceção.

ps. E não, ele não é um aposentado desocupado, é professor universitário na Tulane University, em Nova Orleans. Como ele consegue levar o blog desse jeito e viver é um mistério. =P

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Cristian Korny

julho 18, 2009 at 8:25 pm

é uma pena que não dá pra confiar no critério de “melhor” de muita gente

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marcus fidelis

julho 19, 2009 at 12:34 pm

Gabriel, eu também leio o idelber e concordo com o nível. No entanto, embora muita coisa seja lida, o problema também aparece e acho que tem a ver com a disponibilidade das pessoas mesmo. No Nassif, por exemplo, deixei de comentar e eventualmente leio os comentários que ele mesmo comenta.
No Idelber, veja por exemplo a campanha pelo Lúcio Flávio Piinto: são 73 comentários até agora.O abaixo-assinado foi mencionado no 44, depois alguém postou de novo no 70 e logo depois no 73…
http://www.idelberavelar.com/archives/2009/07/solidariedade_a_lucio_flavio_pinto.php#comments

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marcus fidelis

julho 20, 2009 at 9:01 am

E por falar no Idelber ele acaba de postar “respostas a algumas perguntas frequentes”, onde trata das propostas que recebe e menciona a impossibilidade de responder a todos os comentários.Vale a pena: http://www.idelberavelar.com/archives/2009/07/respostas_a_algumas_perguntas_frequentes.php

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