
Algumas pessoas pediram para eu escrever um pouco sobre o TimesOpen. Lá vai.
Na sexta-feira, antes do carnaval, aconteceu o evento, mais conhecido como “hack day do NYTimes“. Pelo que deu para acompanhar daqui, do Brasil, foi bem produtivo e, claro, teve uma boa dose de autopropaganda – feito para chamar a atenção para a transformação do jornal em uma plataforma online de conteúdo.
Para se ter idéia, Tim O`Reilly, criador do termo Web 2.0, foi o convidado principal. Sua apresentação não trouxe novidades, mas ajudou a gerar mídia espontânea em torno do evento e serviu de inspiração para quem estava a fim de hackear (no bom sentido) o site do NYTimes.
Alguns pontos:
1) Começaram a surgir as primeiras aplicações feitas em torno da API do jornal. Uma delas é o NYT Explorer, uma espécie de sistema de busca “mais turbinado” do NYTimes. Ele permite que você filtre os resultados da busca de matérias por localização (onde a matéria foi feita), colunista e editoria.
2) Ficou claro que a intenção do NYTimes com as APIs públicas é seguir o mesmo caminho do Twitter. É fazer muito com pouco.
Em seu início, o Twitter liberou a sua API. Como resultado, em certo momento, usuários desenvolveram o sistema de busca Summize, que, menos de um ano após entrar no ar, foi comprado e incorporado ao Twitter em 2008.
Tornou-se o sistema oficial de busca interno do Twitter. Com isso, o serviço de microblogging economizou um bocado de tempo (energia, dinheiro e foco) em pesquisa para desenvolver um sistema próprio de busca interno.
Pela experiência do Twitter, liberar ao acesso público a API é economizar recursos e criar valor em torno de um produto. Neste sentido, ter a API pública faz parte de uma das principais revoluções e características da internet que é o baixo custo, ou seja, você fazer muito com pouco.

Quem sabe se aproveitar dessa questão pode ter uma grande vantagem competitiva. Vide a Al Jazeera que, antes desconhecida e mesmo fora da TV aberta nos EUA, vem se aproveitando do YouTube para aumentar a sua audiência e relevância, sem gastar muito dinheiro.
Por isso que os maiores interessados nessa questão de API pública deveriam ser justamente os sites de notícias menores que não têm condições de incentivar e criar inovação (desenvolver novos aplicativos, mashups e novas funcionalidades).
O evento TimesOpen deixou esse caminho bem claro. Contudo, por enquanto, quem mais está tirando proveito das APIs são os grandes players, como o NYTimes e a BBC. Mas isso pode se inverter.
Para mim, sites de notícias com API pública serão cada vez mais comuns. Mas, a longo prazo, os que mais se beneficiarão serão os pequenos, que poderão tirar vantagem disso – baixo custo e API pública (inovação vinda de fora) – para serem tão inovadores e desenvolvidos tecnologicamente quanto os peixes grandes.
Veja também:
Compra do Summize pelo Twitter mostra a importância da API pública
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