"WSJ 2.0" quer reinventar a roda. De novo!

Em meio a uma das maiores crises dos EUA, o The Wall Street Journal, um dos jornais mais influentes no mercado de informação e opinião, resolveu colocar no ar o seu novo site.

Em essência, não existem muitas mudanças – menos anúncios, mais conteúdo aberto e a retirada de alguns elementos de navegação.

O diferencial é que os usuários cadastrados no jornal poderão comentar em todas as matérias, montar os seus próprios perfis com foto, dados pessoais, criar comunidades e adicionar amigos. Enfim, poderão utilizar uma plataforma de rede social, um orkut criado pelo jornal. Mais um.

Segundo o anúncio oficial, a intenção é criar uma comunidade de leitores que reúna comentários e discussões em torno do conteúdo do jornal.

Com essa afirmação, o WSJ mostra que veio para reinventar a roda. Ele não precisa criar uma “comunidade de leitores” em torno do jornal.

Ela já existe. Está na Facebook, no LinkedIn, no Twitter, nas várias listas de discussões sobre o jornal, nos milhares de blogs que linkam para o site do WSJ.

O Journal não tem necessidade de criar “discussões e comunidade”, mas agregar “discussões e comunidade”. O caminho mais natural seria trazer para o site do jornal essas discussões em torno de seu conteúdo que já acontecem na rede, mas estão longe de seu chapéu.

Como fazer isso? Por meio de integração com redes sociais – a maioria desses sites já está com API com acesso público.

Para que começar uma comunidade do zero e tirar os seus leitores do ambiente ao qual já estão acostumados?

Por que não permitir que eu possa comentar nas matérias do WSJ com o login da Facebook ou do LinkedIn? Ler e discutir matérias do jornal na Facebook e essas discussões serem integradas às páginas online do WSJ? Ou ainda indicar para mim quais blogs estão discutindo os artigos do WSJ?

O NYTimes e a NBC já estão fazendo isso em algumas seções de seus sites.

Ainda no anúncio oficial Alan Murray, editor no WSJ, completa:

“Nós acreditamos que, no futuro, as redes sociais serão um importante meio de distribuição de conteúdo e de propagação de notícias. E nós queremos fazer parte dessas redes”

Concordo com Murray. Mas, a meu ver, fazer parte dessas redes não significa necessariamente construir mais uma plataforma de rede social.

Nessas horas, chama a atenção como todo site de notícias quer ser Orkut, Facebook e LinkedIn. Às vezes, passa a impressão que eles têm complexo de serem eles mesmos.

Site de jornal é site de jornal. Rede social é rede social. O que deve haver é integração entre esses dois tipos de sites e negócios. As APIs estão aí para facilitar o trabalho.

Quando um inventa de fazer o que outro faz melhor, sempre dá em coisa errada. Vide o USAToday com a sua fracassada “MyUSAToday” e a MySpace com o seu MySpaceNews.

É a mesma coisa o novo site da FastCompany. Sou leitor da revista há bastante tempo, gostei do novo site.

Porém, montar mais um perfil, fazer o upload de uma foto, procurar os contatos, entrar em discussões que já existem em outros ambientes, criar mais um login e tentar se lembrar de mais uma senha… sinceramente, não tenho tempo nem mais paciência para isso.

Por que não agregar em vez de reinventar a roda?

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14 respostas para “"WSJ 2.0" quer reinventar a roda. De novo!”.

  1. Acho que eles deveriam ler aquele seu artigo “Você está cansado das redes sociais?”.
    Por que eu estou e boa parte dos internautas também.
    Essa semana também foi lançada também uma revista do WSJ você,viu?

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  2. @Nadja

    Eu vi. É para competir com a revista do NYTimes.
    Ela está online, algumas matérias são boas.
    http://magazine.wsj.com/

    abs

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  3. Eu acho que isso ainda é causado muito por aquele ranso dos meios massivos: na televisão, a Globo nunca vai ficar citando o SBT deliberadamente, é propaganda involuntária. Ninguém faz propaganda daquilo que não é seu em mídias tradicionais.

    Basicamente a mesma coisa acontecendo dentro de grandes empresas na web. Eles ainda acreditam que se fizeram uso de mashups ou conexões entre redes sociais, estão fazendo propaganda do que não pertece a eles e, por consequência, perdendo o leitor.

    Aí vem o pessoal do Ubiquity e diz: “A internet é desconectada”. A gente entende pq, com exemplos assim.

    abraço’s

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  4. Isso mesmo, Ricardo.

    É aquela mentalidade transposta para web – estou no SBT, portanto não entrevisto tal artista por que ele é da Globo.

    abs

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  5. Assino embaixo!

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  6. Mais um “orkut” criado, tipo “UOLkut” da UOL, que virou “UOL K”.
    Mesmo sendo assinante da UOL, nem sei se essa rede ainda existe.

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  7. […] as notícias trata-se do WSJ, The Wall Street Journal que pretende trazer os leitores para dentro1 de seu […]

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  8. Lembra o Globo Online, que há algum tempo fundou sua própria plataforma social. Ao invés de se aproveitarem do Orkut – não lembro se na época ele permitia miniaplicativos -, tentou recriar algo que já existia.

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  12. […] Mais para frente, a idéia é trabalhar com o caminho contrário e, a meu ver, mais lógico. Trazer os comentários feitos no Twitter sobre uma matéria da revista para o site da publicação. Agregar conteúdo, ao invés de querer reinventar a roda. […]

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  13. […] ano passado, o jornal lançou uma rede social própria. Além de não representar facilidade, os leitores teriam que fazer mais um perfil, decorar mais um […]

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  14. […] leitores”. Foi um fracasso. Em 2008, tentou criar outra plataforma de rede social – a WSJ Community, que hoje, parece mais um […]

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