
“Morto. Vivo. Morto. Vivo. Vivo. Morto… vivo. Morto, morto. Vivo”
Um dos melhores comentários sobre o fato da Bloomberg ter publicado sem querer o obituário de Steve Jobs, na semana passada, veio de Steve Yelvington, do Poynter Institute, que afirma: a forma tradicional de produzir os obituários está morta.
Segundo ele, pelo fato de todas as informações, antigas e novas, sobre uma pessoa estarem disponíveis na rede, não faz muito sentido montar um texto para ficar na gaveta à espera de publicação.
Ele sugere usar wikis para apresentar aos leitores e produzir o histórico de uma personalidade, num sistema de produção “work in progress“.
Realmente, o wiki é uma ferramenta ótima para trabalhos em conjunto, internos e que sempre estão em processo de produção. E os obituários, no final das contas, são isso – textos em constante processo.
Soube que, por exemplo, o jornal Telegraphy usa internamente o Google Docs para produzir alguns textos a quatro mãos. Mas acredito que, neste caso dos obituários, o wiki funciona melhor. Você tem um controle mais detalhado do histórico de alterações em um documento.
Em seu comentário, Yelvington erra somente num ponto – apresentar aos leitores o obituário num wiki, como se fosse um verbete da Wikipedia. Acredito que pode existir uma perda. Nem todo obituário é em texto formatado para enciclopédia.
Quem já leu alguns dos obituários do NYTimes sabe do que eu estou falando. São verdadeiras biografias condensadas de uma pessoa, um tipo de texto que está muito longe do “estilo enciclopédia”. Textos que até se tornaram livro, lançado neste ano no Brasil.
Montar wikis internos sobre certos temas é muito bom para a redação, potencialmente aumenta a produtividade. Mas sempre apresentar o conteúdo em formato de “verbete da Wikipedia” talvez seja meio entediante para quem lê.
Na maioria das vezes, vai parecer que estou lendo um livro escolar.
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