
Você vai jogar ou ler jornal?
Pelo que percebi, existe muita gente chegando aqui, no blog, via Google, procurando por “newsgames“. O assunto tem ganho bastante destaque. É um novo formato que vem sendo utilizado em caráter experimental pelos maiores jornais do mundo. Eu mesmo fiz uma pergunta ao Steven Johnson, no Roda Viva, há 3 semanas, sobre esse novo formato de mídia.
Newsgames é um conceito que surgiu, mais ou menos, em 2003 e refere-se a jogos feitos com base em notícias ou um acontecimento em curso. Desde o ElPais até o The New York Times já fizeram alguns experimentos com o formato.
Aliás, o ElPais foi responsável por publicar um dos primeiros newsgames – o Play Madrid, sobre os ataques terroristas em Madri, na Espanha, em 2004. Poucos dias após a tragédia, o game já estava no ar.

Editorial em formato de jogo
Depois veio o The New York Times, com o Food Import Folly, sobre a falta de fiscalização na importação de alimentos nos EUA. Na verdade, é um editorial do jornal transformado em jogo.
Somente para citar mais um exemplo – em 2007, a CNN saiu com o Presidential Pong, no qual você joga tênis com os pré-candidatos à presidência dos EUA. Cada um tem as suas habilidades desenvolvidas de acordo com o andamento da campanha eleitoral no mundo offline.
Uma das principais empresas que está por trás do desenvolvimento desses jogos é a Newsgaming, fundada em 2003, por Gonzalo Frasca, na época, jornalista da CNN espanhola e editor do Ludology.org, um site voltado para estudos acadêmicos de games. Outra é a Persuasive Games, já conhecida no meio por desenvolver jogos educativos.

Diversos newsgames estão sendo lançados
Newsgames ainda é um formato novo. Repleto de perguntas e novos desafios. Um dos principais é trabalhar com cronogramas. Como o jogo é baseado em um acontecimento em curso ou que acabou de terminar, o seu desenvolvimento precisa ser rápido.
É necessário um entrosamento quase perfeito entre equipe editorial e de tecnologia, dobradinha no jornalismo online tão importante quanto cinegrafista e repórter em telejornalismo.
Outra caraterística é que, em sua maioria, os jogos não tentam ser objetivos. Buscam mostrar uma linha editorial de um veículo, semelhante ao Food Import Folly e ao Play Madrid.

Jogos funcionam como um complemento ao noticiário
E aqui, no Brasil? Bom, por aqui, neste ano, o G1 fez alguns experimentos na área e lançou o AudioPops, um jogo no qual você tem que descobrir, por meio de discursos bem recentes, quem são as principais personalidades da política internacional.
Para mim, uma das coisas mais interessantes dos newsgames está aí. Trazem um caráter educacional e lúdico de volta ao jornalismo.
Não acredito que seja um formato que veio substituir outros anteriores. Pelo contrário, é mais uma forma de apresentar uma notícia. Mais uma opção menos burocrática aos leitores/usuários de um site de notícias.
No entanto, confesso a vocês, o negócio vai ficar interessante a partir do momento em que esses newsgames se tornarem mobile. Você vai poder jogar e se informar no caminho para o trabalho, na sala de espera…
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