Outsourcing no jornalismo em 2008

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O assunto volta à tona em blogs de mídia com a publicação de um relatório da Deutsche Bank confirmando que executivos de jornais nos EUA têm a intenção de terceirizar as operações neste ano, e a divulgação de uma pesquisa da Newspaper Association of America (NAA), organização norte-americana que representa as empresas jornalísticas, que aponta o outsourcing como uma das 10 tendências no mercado de jornais em 2008.

No ano passado, escrevi um post a respeito justamente dessa tendência de outsourcing, que ocorre em 3 âmbitos.

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1º) Terceirização de atividades editoriais consideradas burocráticas em jornais, como tradução de artigos, edição de notas de agências de notícias e moderação de comentários [!].

Jornais dos EUA e agências de notícias [reuters] vêm contratando empresas indianas e chinesas especializadas em prestar esses serviços de forma online.

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2º) Terceirização da “caixa de comentários”, o chamado “outsourcing community”. Serviços como o Topix, agregador de blogs e notícias, que abriga diversos fóruns de discussão, vem fechando parcerias com redes de jornais. A Media News, que agrega sites de 61 jornais nos EUA, tem um acordo desse tipo.

Quando você clica nos comentários de alguma matéria dos sites da MediaNews, é enviado para algum tópico dos fóruns do Topix. Ou seja, os comentários das matérias são mensagens de fóruns externos ao site do jornal.

CNN e AOL deram início a iniciativas parecidas. Passaram a usar o Sphere, um widget que adiciona, de forma automática, no final das matérias, links para blogs externos que estão comentando o conteúdo das notícias.

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3º) Terceirização na produção multimídia. Serviços de vídeos como o BrightCove têm sido requisitados. Sites como Wall Street Journal, Guardian e The New York Times não querem criar o seu próprio YouTube. Preferem terceirizar para quem entende do asssunto e usar uma estrutura já consolidada, no caso o BrightCove.

Vai um pouco contra a idéia de que o chamado “jornalista multimídia” tem que saber editar vídeo, sons, textos, fotos e o que mais vier. Na verdade, algumas dessas atividades de edição e produção multimídia estão sendo terceirizadas.

O 1º item demonstra o quanto o jornalismo se tornou burocrático, tanto que é possível passar algumas atividades para terceiros. Já o 3º tópico é mais do que natural. Não dá para fazer tudo sozinho e querer reinventar a roda na web.

6 respostas para “Outsourcing no jornalismo em 2008”.

  1. Tiago, foi o que escrevi no último texto da ‘Webinsider’:

    ‘Ao jovem redator online, principalmente, pedem que saiba de tudo um pouco. Além do básico, que é escrever bem, exigem experiência com softwares de gestão de conteúdo (leia-se, aqui, publicadores), ‘noções profundas’ de html, de ferramentas de arquitetura da informação, de photoshop, de editores de áudio e vídeo e por aí vai. Só falta pedirem experiência com máquinas de café espresso e massoterapia’.

    Bruno Rodrigues
    Consultor em Informação e Comunicação Digital ::

    Autor de ‘Webwriting – Redação & Informação para a Web’ ::

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  2. Pois é, Rodrigues.

    Pelo que percebo, na prática, nem todas essas habilidades são utilizadas.

    Para mim, é um pouco de mito de que, atualmente, o jornalista tem quer ser multimídia e fazer mil e uma tarefas. Talvez para alguns freelancers isso faça sentido.

    Abs

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  3. Para quem quiser conferir, segue o link para o artigo do Bruno.

    http://tinyurl.com/2hyk4h

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  4. Fico animada com a possível queda do mito do jornalista multimídia, pois na faculdade, vários professores adoram amendontrar meus colegas dizendo que bom profissional é aquele “faz tudo”. Depois do “call center offshore”, nada mais natural do que terceirizar parte do conteúdo jornalístico que é produzido pelas grandes redações. Começamos o ano com boas notícias, valeu Tiago!

    p.s. Mais uma vez toda a América Latina perde para a China e Índia nesse quesito, poderíamos oferecer esse suporte profissional… lamentável.

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  5. Sim, Nadja. É algo que questionei em um post antigo. É um nicho de mercado que se abre.

    “será que somos atraentes o suficiente para chamar o interesse de empresas de mídia de fora? Nossa mão-de-obra de jornalistas é atraente? Seria um alento para diversos jornalistas brasileiros desempregados”

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  6. Curioso, mas eu não tinha lido o post antigo e também questionei essa bola fora do Brasil e de toda a América Latina. Também me pergunto se o Brasil possui jornalistas atraentes para isso.
    O profissional que tiver uma oportunidade dessa e for bem, sem dúvida terá uma grande chance de fazer carreira internacional. Empresas de call center que trabalham com esse conceito, permitem que bons funcionários façam estágios em outros países.

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