
Foto do Flickr de Daniel_Sebastiany
Não foi no ataque do PCC nem durante o buraco do metrô, o marco do jornalismo participativo no Brasil aconteceu nos últimos 2 dias ao longo da cobertura da tragédia com o vôo JJ 3045.
Praticamente todos os portais e grande sites de notícias abriram espaço para que o leitor enviasse material – seja fotos, vídeos e textos ou simples comentários ao rodapé das matérias. O mais interessante é que as pessoas toparam e enviaram conteúdo.
Na noite de terça-feira, dia da tragédia, a participação dos leitores era tímida em sites como YouTube, Flickr e Orkut, que estão se tornando quase “serviços universais”. Mas logo na madrugada começou a aparecer o material.

Rede gaúcha de blogs Insanus entrou de luto
* Daniel Sebastiany postou uma foto direto da sacada de uma casa próxima ao local. Já Mariana Marinovic, um das primeiras a publicar material no Flickr, tirou fotos da janela de casa e que mostram as chamas ao longe. Kurtman publicou imagens do local na manhã seguinte.
Nos portais, o destaque ficou por conta dos depoimentos de pessoas que estavam próximas ao local, além de fotos, muitas fotos.
Infelizmente, a cobertura via blogs foi bem fraca. De forma inesperada, a ferramenta foi muito mais usada, no dia seguinte, como espaço para homenagens, protesto e desabafos em relação à tragédia. Aliás, o tom das homenagens foi de protesto ao caos aéreo.

Foto de Mariana Marinovic, umas das primeiras a publicar sobre a tragédia
Mas um ponto precisa ser destacado – os sites não podem cair no hype do “conteúdo gerado pelo usuário” de simplesmente achar que por que o conteúdo é enviado pelo usuário é bom e precisa entrar no ar de qualquer jeito [erro cometido, no início, por muitos sites de notícias lá fora]. O jornalismo participativo não dispensa o jornalismo tradicional. Pelo contrário, é um complemento.

Foto de Kurtman
E o mais importante, teoricamente – a veracidade desse conteúdo deve ser checada para evitar alguns deslizes. Afinal de contas, hoje o leitor pode ser uma fonte tão importante quanto uma oficial. E como toda fonte, deve ser checada.
Essa cobertura foi um exemplo de como o jornalismo participativo não dispensa nem minimiza o tradicional e vice-versa. Os dois devem trabalhar em conjunto, cada um com a sua dinâmica, criando algo híbrido.
O jornalismo participativo chegou de forma efetiva ao Brasil e agora não é somente papo acadêmico.
É isso, por enquanto.
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