Caso YouTube: quando tentam transformar erro em virtude

Entre mortos e feridos, mais feridos que mortos – Cicarelli, que, pelo menos formalmente, não deu entrada com o recurso [agravo] que acabou gerando o bloqueio, saiu com a imagem bem arranhada -, resta juntar os cacos e ver o que a gente pode aprender com essa história toda do bloqueio do YouTube. Acompanhe comigo.

* Primeiro, um desembargador concedeu uma liminar determinando o bloqueio total do site. Gerou repercusão em blogs e na mídia. Depois, o desembargador disse que não pediu o bloqueio total do YouTube. No papel constava outra coisa.

* O fato é que as operadoras tiveram que se desdobrar para bloquear o site, a máquina judiciária foi movimentada, anunciantes brasileiros no YouTube não viram suas peças publicadas e, possivelmente o mais importante, usuários brasileiros, consumidores, ficaram a ver navios.

* O desembargador voltou atrás e disse, em um despacho de ‘desbloqueio’ do YouTube, que foi mal interpretado. Afirmou que nunca pediu o bloqueio total do site, queria impedir o acesso somente ao vídeo. Mas, o estrago já estava feito.

* A Justiça realmente tinha por objetivo o bloqueio completo e, ao perceber o tamanho da encrenca, voltou atrás com uma justificativa pouco convincente? Ou teria sido a determinação judicial mal interpretada pelos que a cumpriram? Ou houve um lamentável erro na própria elaboração do ofício? Ou ainda, o magistrado se expressou muito mal, queria uma coisa mas acabou dizendo outra?

* O pior de toda essa confusão não foi a interpretação supostamente errada, mas o fato do juiz ter dito, no despacho do ‘desbloqueio’, que ‘o resultado foi positivo‘. O ideal teria sido revogar a liminar anterior, que afinal determinava o bloqueio do site, e, em seguida, conceder uma nova especificando-o apenas para o vídeo. E pedir desculpas à sociedade pelo transtorno ou, pelo menos, não elogiar o que ele próprio dá a entender que foi um equívoco.

* Repare no trecho do despachoNesse contexto, o resultado foi positivo – Ou seja, no final das contas, ele entende que tudo isso foi positivo para a imagem da Justiça brasileira.

* Acredito que, para muitos, o efeito foi exatamente o contrário. A lição que ficou é a de que a Justiça é falha nestas questões envolvendo a internet. Um precedente terrível. No final, quiseram transformar um erro em uma virtude

7 respostas para “Caso YouTube: quando tentam transformar erro em virtude”.

  1. […] Brasil ganhou destaque. O bloqueio ao YouTube, no começo do ano, é lembrado como um ato de […]

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  2. […] Cá entre nós, 2007 não começou nada bem. O acesso ao YouTube foi bloqueado no Brasil. Enquanto isso, lá fora o lançamento do iPhone é anunciado, e o Joost ganhava um concorrente, o […]

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  3. Que se dane o You Tube. Site de merda. Coisa de boiola.

    Mas se bloquearem o DistroWatch eu mato o f.d.p. que fizer isso!

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  4. […] recomendo o post do Tiago Dória: Caso YouTube: quando tentam transformar erro em virtude […]

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  5. […] Foram dois lances em menos de uma semana. Primeiro, proibição da venda do jogo Bully e, depois, por causa de um blog, o acesso a todos os blogs hospedados no WordPress.com poderá ser bloqueado. Lembra o caso Cicarelli-Youtube. […]

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  6. […] criminosas” (?) de um blog que não foi identificado. Já existem precedentes, como o caso Cicarelli x Youtube e a proibição de alguns jogos (como Counter Strike e Everquest). O blog Usuário Compulsivo já […]

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