David e Tom Kelley vieram conversar com a gente no MIT sobre inovação e criatividade. Os dois irmãos são criadores da agência IDEO, uma das principais referências mundiais em inovação e comunicação.
O evento faz parte de uma série de encontros semanais: personalidades de destaque nas áreas de comunicação, tecnologia, negócios e política vêm conversar com a comunidade do MIT. Grande parte da fala dos irmãos Kelley teve como base o livro Creative Confidence, de autoria de ambos (a obra ainda está em fase de pré-lançamento).
David é mais introvertido e Tom bem mais falante e comunicativo. Juntos, garantem um excelente bate-papo.
Os dois irmãos tocaram num problema corriqueiro para quem trabalha com inovação no dia a dia, que é a questão da mensuração. Para Tom, o maior problema nas empresas não é a mensuração em si, mas a forma de pensar o tempo. O que é o ideal: pensar e enxergar a curto prazo ou ter paciência e ver a longo prazo? Na visão dos irmãos, não existe inovação sem pensamento a longo prazo.
Outra questão levantada foi a da criatividade. Para ambos, não há pessoas “criativas”. Criatividade não é algo restrito a guetos e silos (artistas, startups, escritores). Engenheiros podem ser criativos. A partir do momento em que você não vê mais o mundo dividido entre “criativos” e “não criativos”, começa a perceber o quanto é recompensador e produtivo pensar criativamente.
Na visão dos dois, a criatividade não dever ser produzida em silos nas empresas (os chamados departamentos de criatividade/criação). Na verdade, a criatividade deve ser uma responsabilidade de todos numa organização. Todos devem ser criativos.
Um dos pontos que mais me agradou foi quando os dois tocaram na questão da educação. Não dá para falar de inovação e criatividade nas empresas sem falar desse tema.
David, Tom e Joi Ito, diretor do MIT Media Lab, que estava moderando a apresentação, chegaram a um ponto em comum (com o qual, cá entre nós, concordo plenamente). Ser professor e aluno ao mesmo tempo é um dos melhores processos de aprendizagem (the protege effect).
Por exemplo, no MIT, somos incentivados a ensinar o outro. A dinâmica é muito recompensadora. Na hora em que você se compromete a ensinar um assunto, inevitavelmente é levado a estudar e pesquisar mais sobre o mesmo, além de buscar uma linguagem acessível que permita o entendimento fácil e claro. Todos os dias, somos, ao mesmo tempo, alunos e professores.
Na visão de David e Tom, o mesmo princípio poderia ser aplicado internamente nas empresas. Um funcionário sempre poderia ter o compromisso de ensinar o outro.
Enfim, todos deveriam ser professores.
