É interessante acompanhar como cada geração se apropria de uma tecnologia.
Existem mil teorias a respeito do assunto. Não é à toa. A empresa que descobrir, de forma precisa, porque cada geração aceita e rejeita certas tecnologias terá uma verdadeira galinha dos ovos de ouro nas mãos.
Uma das teorias mais comuns é que a utilidade e a facilidade de uso seriam os principais fatores que influenciam na adoção ou rejeição de determinada tecnologia por uma geração.
A questão da ideologia também teria um peso forte. Quando escolhemos utilizar uma tecnologia, estamos, de certa forma, adotando a ideologia que existe por trás dela.
O filósofo francês Jacques Ellul, autor do clássico The Technological Society, defendia que quando adotamos uma tecnologia, aceitamos todas as suas regras e valores.
Por exemplo, ao adotarem os smartphones como tecnologia central em suas vidas, as gerações mais novas não estão simplesmente abraçando uma nova tecnologia, mas aceitando a noção de que conectividade é algo de suma importância.
A propósito, essa é uma questão que separa a geração presente das anteriores. Diferentes gerações têm formas particulares de encarar a tecnologia. Enquanto a minha geração vê a tecnologia como uma forma de aumentar a produtividade e otimizar o tempo, para as mais novas é um modo de incrementar a conectividade.
Daí não faz muito sentido criticar o Facebook por diminuir a produtividade. O Facebook é uma tecnologia feita por e para uma geração que valoriza muito mais a conectividade do que a produtividade pura e simples.
Voltando a questão da apropriação, é interessante notar como cada geração, ao adotar uma tecnologia como central em sua vida, busca aperfeiçoa-la cada vez mais.
Enquanto as gerações anteriores, criadas em frente à TV ou aos computadores desktops, estavam mais preocupadas em desenvolver melhorias na transmissão e na qualidade do sinal de um aparelho de televisão ou na interface de microcomputadores, as mais novas, por sua vez, estão voltadas para os problemas do mundo móvel.
Na última semana, vimos dois exemplos de como as novas gerações estão se apropriando e tentando incrementar o mobile.
Primeiro, Eesha Khare, estudante americana de 18 anos, criou um capacitor que possibilita que baterias para dispositivos móveis sejam carregadas em apenas 30 segundos. Dessa forma, minimizaria uma das principais reclamações dos usuários de smartphones – o tempo reduzido de autonomia das baterias. Khare ganhou o segundo lugar no Prêmio Jovem Cientista da Fundação Intel.
Depois, a startup 3dim , formada por alunos do MIT, levou o prêmio MIT $100K Entrepreneurship por desenvolver um sistema que permite interagir por meio de gestos com smartphones, tablets e outros dispositivos móveis. A tecnologia tornaria a interação com os dispositivos mais intuitiva.
O interessante nestes dois casos é constatar que foram capitaneados por pessoas que cresceram com o celular como tecnologia de comunicação central em suas vidas. Pessoas que, na primeira oportunidade, tentaram melhorar e modificar essa tecnologia (Eesha Khare nem está na faculdade ainda, é uma aluna de escola – “high school”).
É claro que o mundo tem problemas bem mais urgentes para serem resolvidos, mas o que cada geração busca de imediato é potencializar os acertos e minimizar os defeitos daquela tecnologia que adiciona valor às suas vidas e melhor satisfaz as suas necessidades sociais, reforçando assim a sua identidade.
É o que sempre dizem: cada geração com os seus problemas… e suas soluções.
