Nick Bilton, colunista de tecnologia do NYTimes, escreveu um interessante artigo sobre um tema que já comentei algumas vezes por aqui – o quanto Google e Facebook ainda não pensam efetivamente “mobile first“.
Apesar de terem milhões de usuários, são duas empresas posicionadas para a internet em seu estado atual e não para o seu futuro bem próximo – onipresente em dispositivos e objetos.
O colunista cita o exemplo da recente reformulação do Google+. Foi lançada uma nova versão para desktop, mas nada para tablets e celulares. O Facebook, por sua vez, mantém inalterado o seu aplicativo para iPhone apesar das diversas reclamações sobre a sua lentidão. Modificações na timeline surgem primeiro no desktop e bem depois no aplicativo móvel.
Para Bilton, há um motivo para isso. Os funcionários da Google e do Facebook utilizam pouco os celulares. Como a maioria deles toma café, almoça e janta no próprio prédio onde trabalham, não percebem os benefícios e o quanto os celulares são utilizados para buscar restaurantes, lugares para tomar café, tirar fotos da comida etc. Eles estariam se isolando do mundo externo.
Ou seja, os funcionários das duas empresas não teriam uma vivência cotidiana a fim de constatar como os celulares adquiriram o poder de solucionar problemas e a função de ocupar os “espaços mortos de tempo” – quando esperamos para pagar a conta do restaurante, estamos na fila do café da esquina, aguardando uma pesssoa no restaurante. São nestes momentos que sacamos o celular do bolso para checar emails, redes sociais, jogos, notícias.
A explicação de Bilton é meio furada. Realmente, o ambiente e o método de trabalho influem muito na forma como criamos produtos. Mas, conheço pessoas que trabalham na Google e no Facebook, e elas utilizam o celular de forma tão intensa quanto outras que não são funcionárias. A propósito, basta seguir algumas delas no Facebook e no Twitter para perceber isso.
O motivo de Google e Facebook não desenharem as suas soluções primeiro para mobile e depois para desktop é mais profunda – é uma questão de DNA. A Google surgiu em 1998 e o Facebook em 2004. Isto é, as duas empresas foram fundadas em épocas em que o desktop reinava e o mobile não era adotado em massa.
Isso, porém, não quer dizer que essas empresas não estejam se posicionando no mercado mobile – as compras do Instagram e do Android estão aí. Contudo, é um caminho bem diferente daquele trilhado, por exemplo, pelo Draw Something ou pelo Foursquare, produtos que já nasceram mobile, conectados com o nosso crescente hábito de consumo de informações e entretenimento – cada vez mais móvel.
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Crédito da foto: Susan NYC

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