“A aula de informática é chata. Eu vou para a escola e o professor me ensina como usar o Word e o Excel… eu sempre quis criar meu próprio jogo, eu gostaria de aprender isso na escola. Eu iria fazer um muito bom e compartilharia com todos os meus amigos”.
É esse tipo de depoimento, registrado em escolas do Reino Unido, que motivou o guru dos games Ian Livingstone, fundador da Eidos, a criar a Next Gen, campanha que pretende passar um corretivo no currículo das escolas britânicas ao promover o ensino de Tecnologia da Informação.
O movimento pela TI nas salas de aulas tem o apoio de Google, Microsoft e outras empresas de tecnologia. No comecinho deste ano, ganhou um aliado importante – o Guardian, primeiro jornal no mundo a tratar internamente a área de TI como estratégica e não apenas operacional.
No site do Guardian, cidadãos, professores, alunos e até o ministro da Educação discutem a questão. O debate parece começar bem. A área de TI não é associada apenas a matemática e física, mas também a comunicação, história e artes.
Uma das discussões é sobre a ideia de Ciência da Computação ser uma matéria separada ou estar inserida como pano de fundo em todo o currículo escolar. Caso a segunda opção prevaleça, não será nenhuma surpresa em uma aula de história, por exemplo, a professora discorrer sobre história da tecnologia: quem é Martin Cooper e sua importância para a sociedade?
Além de criar uma mão de obra mais qualificada, a expectativa é que o bê-á-bá com TI aumente, a longo prazo, o número de mulheres na área de tecnologia e diminua o “analfabetismo digital” entre os ingleses. Em suas casas, estudantes acabariam replicando para seus pais e avós o que aprenderam na escola.
Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, Michael Bloomberg, prefeito de Nova York, anunciou a inauguração, em setembro, da Software Engineering Academy, escola técnica de Ciência da Computação. A instituição terá como mentor o investidor Fred Wilson.
A justificativa de NY é que falta mão de obra qualificada para trabalhar nas startups que estão sendo criadas em torno da cidade. A cara estrutura de ensino de NY não estaria conseguindo responder ao recente boom de empresas locais de tecnologia.
A intenção é a mesma do Reino Unido – ensinar desde cedo noções de programação e negócios em torno de tecnologia.
Segundo Martin Paul Eve, pesquisador da Universidade de Sussex, é um atestado de burrice não ensinar às crianças como funcionam os milhares de softwares que estão no nosso dia a dia.
Numa época em que estamos cada vez mais acostumados a receber ferramentas prontas para uso – por meio de aplicativos fechados em smartphones e tablets – Paul Eve faz o contraponto.
Segundo ele, devemos ensinar os estudantes a criarem os seus próprios programas e algoritmos. Ou seja, não devemos somente dar o peixe, mas sim ensinar a criançada a pescar. Quem fizer isso merece 10.
Veja também: Cloudcomputing é uma das tecnologias mais disruptivas na educação


Deixe um comentário