O site da Technology Review, publicação do MIT, fecha o ano com uma matéria da revista sobre a necessidade da preservação do conteúdo na web.
A reportagem vem bem a calhar, principalmente em época de final de ano, em que sempre somos convidados a deletar o que é considerado velho e inútil. Devemos nos desfazer do velho para abrirmos espaço para o novo. Essa é a lógica do final de ano.
A preocupação com a preservação é válida. Em uma época em que tanto o conhecimento formal quanto o informal são, cada vez mais, produzidos no digital, é natural que comece a surgir um certo cuidado a respeito de como esse conteúdo será preservado.
A história do site Poetry é bem emblemática. De uma hora para outra, o site de poesias e poemas foi vendido, fazendo com que parte de seus usuários perdesse todos os escritos que havia produzido e publicado no ambiente do site.
Outro exemplo é o serviço de criação de sites Geocities, que, em 2009, teve as suas atividades encerradas, enterrando, desse modo, diversos conteúdos que estavam em suas páginas. Informações que dificilmente você encontra em outros cantos da web.
Não é preciso ir longe. O Orkut, que, bem ou mal, teve o seu futuro questionado em 2011, também é um acervo de capítulos importantes da internet brasileira. Uma grande parte de conhecimento informal está lá. Informação que, não podemos negar, possui importante valor cultural e histórico.
O conteúdo do Geocities foi para a imortalidade. O Internet Archive o recuperou e o distribuiu em arquivos torrent na web. O Orkut ainda é incerto.
O Internet Archive é um dos poucos projetos que se esforça em preservar esse conteúdo na web. Possui bilhões de páginas guardadas. Mesmo que um site suma da web, você pode acessá-lo por lá.
Entrelinhas, a matéria da Technology Review levanta também um dos grandes desafios atuais a respeito da digitalização de conhecimento. A questão não é tanto digitalizar, mas como recuperar de forma inteligente e útil as informações que temos digitalizadas.
De que adianta termos tantas informações digitais armazenadas em servidores e bancos se não conseguimos recuperá-las e visualizá-las de tal forma que faça sentido prático em nosso dia-a-dia?
Para o pioneiro da computação Gordon Bell, autor de Total Recall – o Futuro da Memória, a partir do momento em que pudermos recuperar o conteúdo digital, de qualquer lugar e de forma intuitiva, os efeitos a longo prazo serão poderosos. Estaremos começando a desbravar um território inteiramente novo.
Seremos abertos a novos horizontes ao podermos recuperar facilmente conteúdos de cada momento de nossas vidas? Estaremos criando uma imortalidade digital?
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Crédito das fotos: Internet Archive e Kalfatovic


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