Diz a lenda que, em 2009, ao tentar comprar o Dropbox, Steve Jobs usou como argumento o fato de que o serviço não poderia andar com as próprias pernas, na medida em que era apenas “um recurso e não um produto“.
Investidores têm o costume de rejeitar startups com argumento semelhante, afirmando que o oferecido por elas não é um produto, mas, na realidade, um recurso que funcionaria muito bem junto a um produto maior.
Realmente, o que algumas startups oferecem, na realidade, não dá para se sustentar como produto. Porém, não se pode levar a regra ao pé da letra.
Um exemplo é a própria Google. No início, busca era vista apenas como um recurso, uma funcionalidade entre tantas outras para um portal. Ninguém imaginaria que busca poderia se tornar um produto. A Google acreditou.
Nesta segunda-feira, vimos um lado dessa regra. A startup Hunch foi adquirida pelo site de compras eBay.
Para quem não se lembra, o Hunch é um site de recomendação. Você responde a uma série de perguntas e o site recomenda várias coisas que tenham a ver com a sua “personalidade”.
Com a compra, o serviço se tornará um recurso do eBay, sua tecnologia capacitará ainda mais o sistema de recomendação de produtos do site de compras.
Por aí a gente percebe o quanto os sistemas de recomendação são importantes não somente em sites de compras, mas também de conteúdo. No Netflix, em 2009, uma modificação no algoritmo de recomendação de filmes representou um aumento de milhões de dólares na retenção de usuários.
Quem ganha com essa aquisição (pelo menos conceitualmente) é Jeff Bezos. O fundador da Amazon dizia que um site de comércio eletrônico deve primeiramente ajudar as pessoas a tomar decisões. Os sistemas de recomendação são uma bela ajuda nessa missão. A Amazon está nessa faz tempo.
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