Bem simbólica a notícia de que a Netflix, que, na semana retrasada, iniciou suas operações no Brasil, vai se dividir em duas unidades de negócios.
Uma será responsável somente pelo serviço de streaming de filmes e programas de TV (serviço disponível no Brasil). A outra, pelo aluguel e entrega de DVDs em casa (serviço disponível apenas nos EUA). A primeira unidade continuará com o nome Netflix. A segunda será rebatizada com o nome Qwikster.
Os dois serviços terão a mesma “missão tecnológica” – oferecer entretenimento -, mas utilizarão tecnologias diferentes. Um via streaming; o outro via mídia física, no caso, DVD.
Apesar de terem o mesmo objetivo, os dois serviços serão tratados como negócios distintos, terão sites próprios, orçamentos, CEOs e estratégias diferentes.
A mudança faz bastante sentido, principalmente porque, quando surge uma tecnologia disruptiva, é recomendável que uma empresa adote uma postura ambidestra. Deve usar os tradicionais produtos baseados em tecnologias antigas para subsidiar os novos produtos/novas tecnologias, que geralmente ainda são deficitários e não têm um volume de usuários satisfatório.
No caso do Netflix, a tecnologia disruptiva foi o streaming. A empresa criou o seu negócio em torno do aluguel de DVDs, lá em 1997.
Por diversos anos, foi o serviço de aluguel de DVDs que sustentou a operação de streaming da Netflix. Agora, a previsão é que aconteça justamente o contrário, o streaming passe a ser o negócio principal e a sustentar o serviço de DVDs.
Segundo a própria Netflix, o número de assinantes do serviço de aluguel de DVDs já atingiu seu pico. A tendência agora é de queda. Já 75% dos novos clientes da Netflix assinam o serviço de streaming. A tendência é subir.
A divisão dos serviços já está gerando reclamações de diversos usuários do Netflix, sobretudo pela necessidade de criar duas contas – uma no Netflix, outra no Qwikster (a ideia pode ser boa, mas nem sempre a sua implementação tem eficiência).
Com a mudança, a Netflix estaria dando um recado não somente aos acionistas, mas também à indústria de entretenimento. Entrelinhas, estaria deixando claro que o público de DVD é cada vez mais escasso.
Por isso, ganha mais força a teoria de que a Netflix fez a modificação já pensando, em futuramente, vender ou eliminar a Qwikster, unidade responsável pelo aluguel de DVDs.
A Netflix estaria entrando num processo de “destruição criativa“. Ou seja, por opção consciente, estaria extinguindo um produto/tecnologia para dar espaço a outra tecnologia inovadora. Fenônemo que veremos mais vezes, visto que, no momento atual, diversas indústrias estão passando dos átomos para os bits.
Veja também: “Consumerização” nos sites de notícias

3 respostas para “Tecnologia disruptiva faz Netflix mudar”.
Por mim a Qwikster nem existiria, simplesmente por que é coisa do passado… Mídia física já era! Imagine então dar conta de entregas, vai vem de mercadoria, que pode danificar, etc… é muita despesa e dor de cabeça. A prova de que não dá certo, pelo menos no Brasil, é a NetMovies, muita reclamação de que o serviço é extremamente ineficiente, sem falar das cobranças indevidas. Eu não gastaria esforço algum da minha empresa num seguimento a beira da inexistência.
Pensando de uma maneira bem CAPETAlista, desvincular o nome da Netflix desse tipo de serviço que não funciona pode ser uma boa. Tipo “vamos ganhar uns troquinhos que ainda restam para faturar com mídia física mas não vamos sujar o nome da Netflix”.
Dinheiro, né?
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Olá Tiago,
Gostaria de te dizer que apreciei muito a forma como você sua opinião durante entrevista no GloboNews (Será que os novos dispositivos representam o fim dos Desktops?).
Você foi sensato e suas explicações foram super esclarecedoras.
Parabéns.
Thiago.
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Obrigado, Thiago! Abs
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