Chamou a minha atenção essa notícia de que a CBS, emissora líder de audiência na TV aberta nos EUA, voltou a trabalhar com o conceito de “Backpack journalist” ou “Solo journalist“, como é chamado o jornalista multimídia que faz uma cobertura móvel sozinho com o uso de ferramentas digitais – celulares para produzir vídeos, laptops para transmitir e editar o conteúdo.
A emissora contratou Mandy Clark, que trabalhará direto do Afeganistão.
A idéia é aproveitar o máximo possível a digitalização de conteúdos, as redes de comunicação e equipamentos cada vez mais leves de carregar para fazer uma cobertura jornalística. O “backpack” vem de mochila mesmo. O jornalista carrega tão poucos equipamentos que cabem numa mochila.
Esse conceito ganhou espaço durante a cobertura da Guerra no Iraque em 2003. Ao invés de trabalhar com uma equipe grande numa zona conflito, opta-se por um jornalista, ganhado assim mais agilidade, principalmente em zonas de conflitos onde é necessária uma certa mobilidade.
Um dos pioneiros na aplicação desse conceito foi Kevin Sites. Conheci o trabalho de Kevin em 2005 (vídeo no final do post), quando ele foi contratado pelo Yahoo! e o seu blog transferido para o portal. Antes ele cobriu a Guerra no Iraque para a NBC News.
Na época, as polêmicas imagens da execução de um iraquiano desarmado e ferido numa mesquita de Falluja por um Marine ganharam repercussão na rede. As imagens foram captadas por Kevin. Sua cobertura sempre chamou a atenção por ser muito ágil em comparação com as das emissoras de TV.
O jornalista até lançou um livro sobre a sua experiência em cobrir conflitos sozinhos.
Se antes o conceito era associado à agilidade na cobertura, hoje é ligado bem mais à economia de custos. Em entrevista ao New York Observer, Paul Friedman, vice-presidente da CBSNews, disse que o “velho modelo” não se aplica mais, as emissoras não precisam mais de uma grande estrutura para cobrir uma guerra. O que, de certa forma, é verdade. Oportunidade para os “peixes pequenos“.
Porém, eu acredito que cada caso é um caso. Nem sempre cobrir sozinho um conflito é bom. Mas para emissoras e portais de notícias que não têm condições de enviar uma equipe grande para cobrir uma guerra ou algum outro tipo de conflito, é algo interessante de se pensar.
Veja também:
NYTimes e oportunidade para os peixes pequenos

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