Blog do leitor é diferencial na cobertura das Olimpíadas

Não sei quanto a você, mas estou vendo pouquíssimas novidades com relação à cobertura online das Olimpíadas na China. Para mim, está decepcionante. Esperava ver algum diferencial significativo.

Tabelas de resultados de competições que são atualizadas em tempo real? Não é diferencial. Jornalistas atualizando blogs direto da China com vídeos e fotos e textos? Em 2008, já é arroz com feijão.

Esperava alguma coisa na área de mobile, mas a maioria dos sites se resume a enviar via SMS os resultados e a agenda das competições. O Twitter vem sendo utilizado, mas, em sua maioria, como um RSS.

O diferencial fica para a revista Slate, que criou, no Twitter, o perfil Slate Olympics, que traz pequenos comentários cômicos e sarcásticos sobre as Olimpíadas. Comentários, que, de um jeito ou outro, não seriam publicados na revista e muito menos feitos por comentaristas na TV.

Transmissão ao vivo pela internet?  Bem, aí já começa a aparecer alguma novidade. O NBC Olympics está batendo recordes na transmissão ao vivo pela internet, com um player de vídeo diferenciado [você pode assistir a 4 competições ao mesmo tempo].

Aliás, alguns vídeos foram feitos exclusivamente para o celular.

Porém, a NBC não explora muito bem as ilimitações que a web oferece. Por exemplo, não existe interação com outros usuários que estejam assistindo ao mesmo tempo à transmissão. É quase tão passivo quanto uma televisão com tela pequena na sua frente. Se você tiver uma televisão por perto, vale a pena ligar. Pelo menos, a tela é maior e a qualidade do som é melhor.

Apesar da idéia não ser tão nova, pelo que percebo, o diferencial mais significativo está por conta dos blogs atualizados por leitores que foram enviados à China. Algo dentro do conceito de “conteúdo gerado pelo usuário”.

Do ponto de vista de agregar valor é ótimo, mas é uma aposta arriscada. Arriscada no sentido de que nem sempre enviar um leitor para colaborar na cobertura de um evento é garantia de conteúdo e de opiniões diferenciadas. Principalmente, quando leitor e jornalista vêm dos mesmos meios sociais e culturais.

A visão de mundo e sobre o evento tendem a ser muito parecidas e as referências também.

O Terra fez uma aposta neste sentido. Enviou dois usuários do Vc Repórter, site de “jornalismo participativo” do portal, para atualizarem um blog.

O interessante é que o blog registra mais a visão do torcedor, e não a do jornalista, que tem credencial e não enfrenta tantas filas.

O último post do dia 10, por exemplo, relatava, em primeira pessoa, a dificuldade de pegar ônibus lotados para assistir às competições. É algo mais próximo da visão do torcedor, e não a do jornalista que tem certas regalias. São experiências diferentes.

O espanhol ELPais segue pelo mesmo caminho e colocou no ar El blog olimpíco dos leitores, que agrega conteúdo feito por leitores, in loco ou não, nos Jogos Olimpícos.

No meio dos textos, entre informações redundantes, já publicadas em outros sites, existem coisas interessantes como o depoimento de um ex-atleta que conta a sua experiência de ganhar uma medalha de ouro e charges produzidas por leitores, além, é claro, depoimentos de pessoas que estão no dia-a-dia da competição.

4 respostas para “Blog do leitor é diferencial na cobertura das Olimpíadas”.

  1. Para variar, muito bom o post, Tiago.

    Estamos certos de que esta é uma tendência consolidada no jornalismo (conteúdo gerado pelo público – abundante, capilarizado e em cima da hora), e estamos buscando cada vez mais isto aqui na EBC. Seria bem legal saber sua opinião sobre a cobertura que estamos fazendo aqui: http://www.china2008.inf.br

    Abraço, fi

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  2. com certeza, a cobertura dessas Olimpíadas está um tédio… muito ufanista e poucas novidades… não tenho tempo nem paciência mais para isso.

    []`s

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  3. Post interessante!

    E concordo com o meu xará.

    Achei muito legal a cerimônia de abertura.

    No entanto, pelo menos na TV, continua aquela velha e manjada cobertura, com muita patriotada e pouca ou nenhuma informação. A gente se vê diante de um torcedor bobo, sem capacidade de questionar nada, cheio de clichês e muitas vezes metido a fazer “poesia”, que, por acaso, é jornalista/apresentador. Minimizam ou ignoram falhas e pontos obscuros, e exaltam, de forma desproporcional e não raro exagerada, êxitos.

    Infelizmente, é sempre assim na cobertura desse tipo de evento (Copa de Futebol, Olímpiadas etc.). Muitas vezes, criando ilusões sobre tragédias anunciadas (vide Copa de 2006).

    Pela TV, no final de semana, vi a notícia da vitória da seleção feminina de futebol sobre a Coréia do Norte (e sempre com aquele desagradável deboche sobre as adversárias). Na TV, tudo lindo, maravilhoso e perfeito. E no domingo, num jornal impresso: críticas à seleção, ao jogo, apontamento de falhas etc.. Pensei: “Estão falando da mesma coisa?!”

    E agora há pouco (noite de 11/08), a notícia pela TV da vitória de dois judocas brasileiros com medalhas de bronze. Sem tirar o grande mérito de ambos, dedicados atletas, em nenhum momento foram mostrados ou sequer mencionados quem foram os ganhadores das medalhas de ouro e de prata!!!

    O que é irritante é aquela mania de chamar a seleção disso ou daquilo de “a nossa seleção”. Só para comparação: governo é “governo” ou “governo brasileiro”, nunca “o nosso governo”, só para ficar num exemplo.

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  4. […] Tiago Doria, num dos únicos posts que vi por lá sobre as Olimpíadas, fala justamente dessa relação pobre […]

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