
Mike Arrington, do TechCrunch, jogou um balde de água fria em muita gente que aposta na dobradinha “redes sociais e jornalismo”. Dados da Compete.com revelam que, após o USAToday inserir diversas ferramentas de participação dos usuários [até a criação de uma rede social], o site do jornal teve uma queda de 14 para 10 milhões no número de visitantes.
Ou seja, teve o boom de visitas no começo e depois tudo voltou ao normal. As novas ferramentas não tiveram efeito. O motivo? Talvez jornalismo e redes sociais não se casem, segundo Arrington.
Acredito que a análise de Arrington é um tanto quanto apressada. É difícil ter uma opinião sólida sobre o caso sem estar dentro do USA Today, no dia-a-dia. Mas dá para pensar em algumas justificativas:

Comunidade online é como jardim, vai crescendo aos poucos
1) Comunidades não nascem de uma hora para outra. Os resultados não são imediatos, mais ainda em um site de jornal, que, de certa forma, “educou” os seus leitores a não participarem ou comentarem nas matérias. É um processo de aprendizado e crescimento. Portanto, a comunidade ainda está nascendo, os resultados ainda não apareceram.
2) O USAToday está sendo vítima de um problema das redes sociais online – a falta de interoperabilidade entre elas. Em sua maioria, as redes sociais não se falam, é cada uma em seu mundinho. Não estão conectadas.

Para evitar a fadiga – Não vai abrir um perfil na rede do USAToday?
Um exemplo – toda vez que você entra em uma nova rede social, é obrigado a colocar seus dados outra vez, subir a mesma foto no perfil, procurar por todos os amigos de novo. Tudo isso não seria mais simples se você pudesse migrar todos os seus dados do Orkut para a MySpace, por exemplo? Ou seja, se as redes sociais falassem entre si, os dados poderiam ser migrados. E você não teria que “começar tudo de novo”.
Algumas redes conversam com outras e tentam resolver isso, permitindo importar contatos e algum conteúdo, como a Facebook e a Via6, mas ainda é muito pouco. A meu ver, as pessoas não querem ter que entrar na rede social do USA Today e fazer mais um perfil. Estão cansadas desse caminho.

Esses problemas de falta de interoperabilidade e de uma certa fadiga [fadiga 2.0?] das pessoas em participarem de mais uma rede social vão ao encontro de uma questão que sempre bato na tecla – as empresas de mídia ainda olham muito para o próprio umbigo.
Às vezes, fechar parcerias e se aproveitar de uma estrutura já consolidada é o melhor caminho para fugir desses dois problemas [falta de interoperabilidade e “fadiga” das redes sociais].
Atualização – O USA Today publicou outros números, afirmando que o tráfego do site vem subindo, mas são dados de outra empresa e de períodos diferentes.
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