
* Nunca vi o termo Web 2.0 ser tão criticado como neste final de semana. O ‘pai das críticas’ foi um post de Peter Rip , sócio da Crosslink Capital, uma empresa de investimentos no Vale do Silício. Segundo ele – já declarando um fim para o termo -, a Web 2.0 não atendeu as expectativas. Virou “mainstream” e não traz mais inovações.
* O que é até verdade. Ultimamente não surgiu nada de interessante na chamada Web 2.0. Parece que tudo tem sido feito no automático – mais uma rede social, mais um clone do Digg, mais um serviço de vídeos à-la-YouTube.
* Mas acredito que esse tipo de reação [post] tenha um motivo. Nunca o termo Web 2.0 foi tão usado como rótulo. Hoje qualquer site e empresa se autoproclama Web 2.0. Coloca alguma coisa em Ajax, manda o leitor enviar matéria, monta um Digg ali, pronto! É Web 2.0. Parece um selo de qualidade.
* Sem contar o tom messiânico que o termo vem adquirindo nos últimos tempos – Web 2.0 é “o renascimento do homem”, “vai ter dinheiro para todo mundo”… só falta a Web 2.0 inventar “sorvete que não derrete”.
* Conforme já publiquei em um artigo no Jornal de Debates, para mim, Web 2.0 é uma evolução natural da web. Já esperada por alguns especialistas como o criador dela mesma – Tim Berners-Lee. Não houve revolução. A Web, as suas tecnologias e os seus conceitos não mudaram. É a mesma de mil novecentos e pouco.

* Se mudou alguma coisa foi a percepção e a postura de algumas pessoas perante a Web, que agora vêem a rede como uma ferramenta para conectar pessoas e compartilhar conhecimento. E que deve haver uma preocupação, ou melhor, um respeito com o usuário.
* Esse negócio de conceitos de poder ao usuário, descentralização, web como plataforma de serviços, conhecimento coletivo, wikis, web semântica e reaproveitamento de códigos sempre existiram. Talvez algumas coisas, como a própria “web semântica”, estão sendo reavivadas.
* Ou ainda – estão surgindo novos usos para “velhas” tecnologias – o flash sendo usado cada vez mais para criar players de vídeos [ok! isso não é tão novo, mas agora é quase regra] ou o Javascript, linguagem de programação que existe desde 1995, sendo trabalhada de outra forma, resultando no Ajax.

Berners-Lee – de saco cheio da Web 2.0
* No entanto, eu gosto desse debate todo e dessas reações em blogs. Por um lado, esse negócio de Web 2.0 confunde cada vez mais a cabeça de todo mundo.
* Mas por outro é uma espécie de aviso para gerentes e desenvolvedores de sites – web é participação, respeito ao usuário e restringir o mínimo possível a experiência dele com a rede. A partir da discussão sobre Web 2.0, estão surgindo muitos debates bacanas sobre investimentos na web e o perfil do profissional que trabalha com a rede.
* Não dá para negar que a Web, em sua superfície, não é a mesma de 10 atrás – é só comparar o quanto era difícil para assistir e fazer o upload de um vídeo. Com o YouTube, isso mudou.
* Mas daí achar que tudo isso é uma revolução, que veio destruir tudo que o existia antes e que tudo é novo e diferente é outra história. Foi a postura de algumas pessoas perante a rede e não a web em si que mudou.
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